Seu nome é "Hamal" – abreviatura de 'sala da guerra', em hebraico. Ela fica no alto das montanhas, na fronteira entre Israel e o Líbano, no centro de um complexo protegido por paredes de segurança.
Aliás, tudo por aqui gira em torno da segurança.
A sala não tem janelas. Para poder passar pela sólida porta de entrada, você precisa deixar para trás telefones celulares e relógios inteligentes – tudo o que puder revelar a localização deste local secreto.
Dentro da sala, há uma série de monitores. Uma equipe acompanha as imagens atentamente, 24 horas por dia.
As telas mostram imagens em preto e branco granuladas, captadas por câmeras permanentemente instaladas ao longo de mais de 100 km, na fronteira entre Israel e o Líbano.
Os turnos costumam ter quatro horas de duração. Militares acompanham o ciclo das imagens, uma após a outra, em busca de qualquer anormalidade.
Desde o dia 7 de outubro, quando militantes do Hamas atacaram o sul de Israel a partir da Faixa de Gaza, matando 1,4 mil pessoas e capturando mais de 200 reféns, o aumento da tensão nesta fronteira também é constante.
Quase todos os dias, militantes libaneses do Hezbollah lançam mísseis antitanques contra Israel. E as forças israelenses respondem com artilharia, jatos e helicópteros de combate.
Os dois lados registraram mortes de civis na última semana. E cada enfrentamento levanta o temor de que a violência na fronteira possa sair de controle.
A capitã "S" lidera a companhia que monitora as câmeras. O trabalho de vigilância é realizado exclusivamente por mulheres.
"Somos os olhos dos soldados, os olhos das forças no campo — de toda a fronteira e o nosso papel é muito importante", diz ela.
Em uma das paredes da sala, fotos de infância das oficiais estão penduradas como se fossem bandeirinhas. Suas datas de nascimento foram escritas embaixo das fotos, usando uma grossa caneta preta.
Todas elas são jovens. A maioria ainda está cumprindo seu período de serviço militar obrigatório nas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).
"Somos mulheres fortes, soldadas que conhecem seu trabalho e sua missão. Sabemos que desempenhamos um papel muito importante nesta guerra", prossegue a capitã.
"Nosso primeiro objetivo é a defesa e as meninas sabem disso. Todas elas vêm para o seu turno de vigilância e sabem o que têm que fazer."
Em diversas ocasiões na última semana, militantes tentaram atravessar o muro para o outro lado da fronteira.
O Hezbollah é um grupo político e militar libanês poderoso, apoiado pelo Irã. Pouco a pouco, ele vem aumentando suas tentativas de se infiltrar em Israel.
Os Estados Unidos, o Reino Unido e outros países consideram que o Hezbollah e o seu fiel aliado, o Hamas, são organizações terroristas.
Internacionalmente, existem preocupações de que qualquer erro de cálculo possa levar à abertura de uma nova frente nesta guerra, no norte de Israel.
Um evento significativo — como a explosão do hospital Al-Ahli Arab ou o possível início de uma ofensiva terrestre israelense na Faixa de Gaza — também poderá levar o Hezbollah a tomar ações mais contundentes contra Israel.
E, em alguns momentos, esta possibilidade parece estar muito perto. A sargenta "I" estava no seu turno, observando o monitor, quando as imagens subitamente mudaram.
Figuras obscuras se aproximavam do muro da fronteira. Ela sabia o que precisava fazer e convocou rapidamente um ataque aéreo.
"Reconheci um grupo de terroristas na tela e compreendi que algo estava errado", ela conta. "Este é o meu trabalho, proteger a fronteira norte para que ninguém a invada e nenhum civil fique ferido, especialmente os que moram aqui, perto da fronteira."
"É assustador e estressante, mas preciso manter a calma", explica a militar. "Não vou mentir, é muito assustador ficar aqui, perto da fronteira. Com tudo o que está acontecendo agora no nosso país, é muito difícil processar tudo o que já ocorreu."
Para a sargenta "I", tudo isso é especialmente difícil, porque jovens soldadas que faziam exatamente o mesmo trabalho no sul de Israel foram atacadas pelo Hamas.
"Penso em todas as militares e nas observadoras de câmeras que sofreram o ataque", ela conta.
"Meu coração está com elas. Conheço pessoalmente muitas pessoas que foram raptadas ou assassinadas."
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