Uma semana depois de Israel ordenar a evacuação de civis do norte de Gaza em direção ao sul da região, alguns palestinos começaram a retornar ao ponto do conflito em que as forças israelenses prometeram concentrar os ataques contra o Hamas. Para a ONU, um dos civis afirmou que “é melhor morrer na minha própria casa”.
A desesperança dos civis tem motivo: após a ordem de evacuação, em 12 de outubro, bombardeios passaram a atingir regiões residenciais das cidades que estão ao sul de Gaza, localidade em que as forças israelenses direcionaram os palestinos que não têm a ver com o Hamas.
A porta-voz do gabinete de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, Ravina Shamdasani, afirmou que os ataques tem preocupado a organização e desiludido os palestinos.
“Continuamos muito preocupados com a continuação dos pesados ataques das forças israelitas em Gaza, incluindo no sul”, disse a porta-voz. “Os ataques, juntamente com as condições de vida extremamente difíceis no sul, parecem ter levado alguns a regressar ao norte, apesar dos contínuos bombardeamentos pesados ali”, acrescentou.
As falas foram feitas a jornalistas em Genebra e captadas pela Al Jazeera. A porta-voz citou um palestino não identificado que disse que “é melhor morrer na minha própria casa”.
Entrada de ajuda humanitária em Gaza foi adiada para sábado, diz ONU
Prevista pela Casa Branca para ocorrer nesta sexta-feira (20/10), a entrada de cerca de 100 caminhões com mantimentos básicos em Gaza deve ocorrer apenas no sábado (21/10) ou no domingo (22/10). A informação é do subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
"Nós estamos em negociações profundas e avançadas com todas as partes relevantes para garantir que uma operação de ajuda em Gaza comece o mais rápido possível... a primeira entrega deve começar amanhã ou depois", disse Griffiths nesta sexta-feira.
O adiamento tensiona ainda mais o cenário de caos que atinge, na maioria, civis palestinos que estão nos locais, que sofrem bombardeios rotineiros de Israel, após o início da guerra com o ataque do grupo radical Hamas em território israelense em 7 de outubro.
A entrada de ajuda humanitária foi permitida por Israel após a viagem de Joe Biden, presidente dos EUA, ao país. O governo estadunidense fechou um acordo com o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi, para fornecer suprimentos à Gaza por meio do território do Egito — Israel não permitiu que a ajuda viesse das terras israelenses.
"À luz do pedido do presidente Biden, Israel não impedirá assistência humanitária do Egito, desde que seja apenas comida, água e medicamentos para a população civil localizada no sul da Faixa de Gaza ou que esteja se deslocando para lá, e desde que esses suprimentos não alcancem o Hamas", afirmou, por meio de um comunicado à imprensa, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
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