Enquanto esperam autorização do governo egípcio para cruzarem a fronteira e embarcarem rumo ao Brasil, 32 brasileiros que estão na Faixa de Gaza recebem apoio de uma psicóloga palestina, contratada pelo Escritório de Representação do Brasil na Palestina. A profissional tem dado dicas de como lidar com a ansiedade e a insônia, por meio de exercícios respiratórios, e também sobre como conversar com as crianças para confortá-las em meio aos perigos da guerra. O número de mortos em ataques israelenses na Faixa de Gaza aumentou para 2.750.
O principal meio de comunicação entre a psicóloga e os brasileiros que aguardam pela repatriação tem sido um grupo de WhatsApp. "A guerra não se limita apenas ao bombardeio e ao combate aberto, mas também inclui ataques de informação e psicológicos. Agora, um grande número de pessoas sofre de fadiga; é muito difícil para o cérebro estar constantemente neste estado. É por isso que aciona a função de proteção. Uma pessoa se sente exausta, desesperada e mostra sinais de depressão", diz a profissional, em uma das mensagens.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem negociando pessoalmente a abertura da fronteira do Egito e a criação de um corredor humanitário para socorrer as pessoas que estão em zona de perigo. O chefe do Executivo brasileiro chegou a conversar por telefone com os presidentes de Israel, Isaac Herzog; do Egito, Abdul Fatah al-Sisi; e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Entretanto, o Egito tem apresentado resistência, argumentando que existem problemas nas estradas devido a bombardeios aéreos e burocracias relacionadas à falta de documentos das pessoas interessadas em atravessar o portão de Rafah, localizado no sul de Gaza e na fronteira com o Egito. Há também o receio de que o país seja alvo de represálias por parte do grupo extremista Hamas.
Dos 32 brasileiros que aguardam para retornarem ao país, 16 pessoas — sendo quatro homens, quatro mulheres e oito crianças — já foram deslocadas para Rafah. Elas estavam alojadas na escola Rosary Sisters, no norte de Gaza, e precisaram sair após Israel dar um prazo de 24 horas, na sexta-feira (13/10), antes de intensificar bombardeios, além de ter chance de ataques terrestres israelenses na região. O grupo se abrigou em um imóvel alugado pelo Ministério das Relações Exteriores.
Além dos cidadãos que estão em Gaza, os brasileiros que retornaram de Israel também têm recebido auxílio psicológico. O Ministério da Saúde disponibilizou quatro voluntárias da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo duas psicólogas e duas assistentes sociais, para apoiar no acolhimento dos repatriados.
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