As famílias dos reféns estão a cada dia com mais raiva após o sequestro de dezenas de pessoas pelo grupo islamista palestino Hamas e a ausência total de informação até este domingo (15) sobre o destino delas e de um canal oficial de negociações.
Mais de uma semana depois do ataque de Hamas, segundo o Exército israelense, são 126 reféns, civis e militares, israelenses e estrangeiros, que foram levados ao território palestino, mas não há informação se estão vivos ou mortos. Esse número, contudo, pode chegar a 150, incluindo crianças e recém-nascidos.
As famílias desesperadas clamam a "qualquer pessoa, organização ou país" que as ajudem a libertar os seus.
"São civis inocentes. Têm direitos. Deve-se pressionar Turquia, Egito, para que a Cruz Vermelha possa visitá-los", disse no sábado, em entrevista coletiva, Yfrat Zailer, tia de Kfir (de 9 meses) e Ariel (4 anos) Bibes, sequestrados em 7 de outubro junto com a mãe Shiri.
"Temos que trazê-los com vida para casa. Foram sequestrados vivos", reiterou diante das câmeras.
Como resposta ao ataque do Hamas, o Exército israelense realiza bombardeios em massa sobre a Faixa de Gaza, um território pequeno e empobrecido controlado por essa organização palestina. As ações israelenses já causaram mais de 2.670 mortes, a maioria civis, entre as quais pelo menos 700 são crianças, conforme o Ministério palestino da Saúde do Hamas.
Ao menos cinco reféns israelenses e quatro estrangeiros morreram em Gaza por bombardeios israelenses nas últimas 24 horas, e 22 desde o início das represálias contra a faixa, segundo o Hamas, que ameaçou executar os cativos em caso de ataques contra civis.
Em uma incursão em território palestino, o Exército israelense localizou vários "corpos", indicou no sábado.
Por ora, Israel não fez referência a nenhum canal de negociação e se limitou a designar um "emissário" para as famílias, Gal Hirsch, um general reformado atolado em um caso de corrupção, cuja indicação foi alvo de críticas.
"Não negociamos com um inimigo que prometemos erradicar da face da Terra", declarou no sábado o conselheiro de segurança nacional do governo israelense, Tzachi Hanegbi.
Abandono
Para Ronen Tzur, um carismático comunicador que foi alçado como porta-voz das famílias, "isso significa pura e simplesmente que o governo israelense escolheu como estratégia abandonar os reféns e os desaparecidos".
Familiares e amigos dos sequestrados se reuniram no sábado em um "Fórum de famílias de reféns e desaparecidos", uma organização criada para pressionar o governo israelense e a comunidade internacional para obter sua libertação.
O fórum está em contato com organizações internacionais como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
"Formamos esta equipe de cerca de 20 ex-diplomatas [...] para aportar nossa experiência, nossas ideias, nossos contatos a serviço deste magnífico projeto da sociedade civil para apoiar as famílias", explicou à AFP o ex-diplomata e ex-embaixador de Israel na França Daniel Shek.
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