O ministro do Interior da França proibiu todas as manifestações pró-Palestina no país.
Num comunicado, Gérald Darmanin ordenou que os estrangeiros que violarem as regras sejam deportados “sistematicamente”.
A medida surge num momento em que os governos europeus temem um aumento do antissemitismo desencadeado pela guerra entre Israel e o Hamas.
A França tem uma comunidade judaica de quase 500 mil pessoas, a maior da Europa. A comunidade muçulmana de França também está entre as maiores da continente — cerca de 5 milhões de pessoas.
Darmanin disse aos prefeitos regionais que as escolas e sinagogas judaicas deveriam ser protegidas por uma presença policial visível.
Antes, ele havia dito a uma rádio francesa que cem atos antissemitas foram registrados desde sábado (07/10). A maioria envolvia grafites mostrando "suásticas, 'morte aos judeus', e apelos a intifadas contra Israel".
Houve também pessoas presas tentando transportar facas para escolas e sinagogas, acrescentou Darmanin.
A polícia francesa já está protegendo as casas de parlamentares. O presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e o deputado Meyer Habib receberam proteção adicional.
Enquanto isso, na Alemanha, a polícia alemã acabou nesta quinta-feira com uma manifestação pró-Palestina que ocorria em Berlim.
A polícia de Berlim também proibiu as manifestações pró-Palestinas já marcadas, citando o risco de declarações anti-semitas e de glorificação da violência. As autoridades disseram que cerca de 60 manifestantes cumpriram a ordem de deixar a Potsdamer Platz, em Berlim, na quinta-feira (12/10).
O chanceler alemão, Olaf Scholz, declarou “tolerância zero” ao antissemitismo.
Ele disse ao parlamento que um grupo pró-Palestina que celebrou os assassinatos de civis israelenses no sábado seria banido.
Conflito divide política na França e na Alemanha
O presidente francês, Emmanuel Macron, deve fazer um discurso na TV na quarta-feira (18/10), numa tentativa de evitar que a guerra aumente as tensões.
Sabe-se que 12 cidadãos franceses morreram no ataque do Hamas. Macron disse aos líderes do partido que há quatro crianças entre os17 desaparecidos.
Descobriu-se também que a presidente da Assembleia, Braun-Pivet, recebeu ameaças de morte.
Membro do partido Renascença, do presidente Emmanuel Macron, ela agitou o Parlamento esta semana depois de usar as cores da bandeira israelense, em resposta ao ataque do Hamas a Israel. Ela ainda pediu um minuto de silêncio antes de uma sessão da assembleia na terça-feira (10/10).
Braun-Pivet também anunciou que Maryam Abu Daqqa, membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), seria proibida de assistir a uma exibição de documentário no parlamento no próximo mês. A FPLP é reconhecida como uma organização terrorista pela União Europeia.
Meyer Habib também recebeu proteção. Ele representa um eleitorado de cidadãos franceses que vive fora do país, incluindo em Israel e nos territórios Palestinos, e é um defensor declarado de Israel. Após o ataque do Hamas, ele disse: “Estamos testemunhando o retorno dos pogroms [ataques à população judaica]”.
A política francesa foi dilacerada pelo ataque do Hamas e pelas suas consequências.
Embora a maioria dos partidos tenha condenado o que chamaram de "ataque terrorista" de sábado e expressado apoio ao direito de reação de Israel, a resposta inicial do partido de extrema-esquerda La France Insoumise (França Insubmissa), de Jean-Luc Mélenchon, foi mais equívoca.
Uma declaração do partido referiu-se ao ataque do Hamas como "uma ofensiva armada das forças palestinas", suscitando críticas ferozes de outros partidos, incluindo aliados de esquerda, como os partidos Socialista e Comunista.
Na Alemanha, o chanceler Scholz disse aos deputados no Bundestag, o parlamento alemão, que a segurança de Israel era uma política de Estado alemã.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, viajará a Israel na sexta-feira, em um gesto de solidariedade.
Scholz também anunciou que o grupo pró-Palestina Samidoun, que foi fotografado distribuindo doces na área de Neukölln, em Berlim, para comemorar o ataque do Hamas, seria banido.
“Não toleramos o antissemitismo”, acrescentou.
De acordo com as autoridades alemãs, em várias cidades do país, incluindo Mainz, Braunschweig e Heilbronn, bandeiras israelenses hasteadas em solidariedade ao país foram derrubadas e destruídas diversas vezes, em apenas algumas horas.
“O ato desrespeita e zomba das vítimas” do ataque do Hamas, disse o prefeito de Braunschweig, Thorsten Kornblum.
Scholz acrescentou que, “sem o apoio iraniano, o Hamas não teria sido capaz de cometer estes ataques sem precedentes”.
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