Guerra

O que é o Hamas; resumo

Maior dos muitos grupos de militantes islâmicos atuantes na Palestina, foi fundado em 1987 e prega destruição de Israel.

Hamas é o maior dos muitos grupos de militantes islâmicos atuantes na Palestina -  (crédito: EPA-EFE/REX/Shutterstock)
Hamas é o maior dos muitos grupos de militantes islâmicos atuantes na Palestina - (crédito: EPA-EFE/REX/Shutterstock)
BBC
BBC Geral
postado em 11/10/2023 13:29 / atualizado em 11/10/2023 13:40

Maior dos muitos grupos militantes islâmicos da Palestina, o Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 e prega a destruição de Israel.

Em árabe, o nome mais conhecido do grupo é uma sigla para ?arakah al-Muqawamah al-'Islamiyyah, que significa Movimento de Resistência Islâmica.

O Hamas foi fundado em 1987 durante o início da primeira Intifada palestina, um levante contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Ramificação do braço palestino da Irmandade Muçulmana, maior e mais antiga organização islâmica do Egito, o Hamas tinha, inicialmente, o duplo propósito de implementar uma luta armada contra Israel, liderada por sua ala militar, as Brigadas Izzedine al-Qassam, e de oferecer programas de bem-estar social aos palestinos.

Mas desde 2005, quando Israel retirou tropas e colonos de Gaza, o Hamas também se envolveu no processo político palestino.

O grupo venceu as eleições legislativas em 2006, derrotando o movimento rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

O Fatah não aceitou o resultado, e, no ano seguinte, o Hamas tomou violentamente o controle de Gaza da ANP, que, por sua vez, segue governando a Cisjordânia.

Desde então, militantes em Gaza travaram confrontos com Israel, que junto com o Egito mantém desde 2006 um bloqueio ao território para isolar o Hamas e pressioná-lo a interromper os ataques.

À medida que o Hamas assumiu o controle das instituições remanescentes da ANP em Gaza, estabeleceu um poder judicial e criou instituições autoritárias.

Em teoria, o Hamas governa seguindo os princípios da sharia (lei islâmica), controlando a forma como as mulheres se vestem e chegando a impor a segregação de gênero em público durante os primeiros anos no poder.

Segundo a Freedom House, ONG sem fins lucrativos baseada em Washington (EUA), o "governo controlado pelo Hamas não tem mecanismos eficazes ou independentes para garantir a transparência no seu financiamento, aquisições ou operações".

De acordo com especialistas, o Hamas também reprime os meios de comunicação social de Gaza, o ativismo civil nas redes sociais, a oposição política e as organizações não governamentais.

Em outubro de 2023, o grupo lançou um ataque surpresa no sul de Israel. O acontecimento foi considerado "sem precedentes" e uma das maiores falhas de segurança do país em 50 anos.

O motivo alegado pelo Hamas para justificar a ofensiva está relacionado à mesquita de Al-Aqsa, que fica junto ao Monte do Templo, em Jerusalém, em uma área da cidade considerada sagrada por muçulmanos, judeus e cristãos.

Mas outros fatores, como a aproximação entre Israel e Arábia Saudita e a expansão dos assentamentos judaicos, também são apontados por especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.

Em sua fundação, o Estatuto do Hamas definiu a Palestina histórica, incluindo o atual território de Israel, como terra islâmica e exclui qualquer possibilidade de paz permanente com o Estado judeu.

O documento também ataca os judeus como povo, fortalecendo acusações de que o Hamas é antissemita.

Em 2017, o grupo produziu um novo documento de política que suavizou algumas de suas posições declaradas e usou uma linguagem mais moderada.

Não houve, mais uma vez, reconhecimento de Israel, mas o grupo diz aceitar formalmente a criação de um Estado palestino provisório em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, algo que é conhecido como linhas pré-1967.

O documento também afirma que a luta do Hamas não é contra os judeus, mas contra o que chama de "agressores sionistas de ocupação".

Em resposta, Israel disse que o grupo estava "tentando enganar o mundo".

Nos últimos anos, Israel estima que o Hamas e outros grupos militantes palestinos em Gaza tinham cerca de 30 mil foguetes e morteiros no seu arsenal.

Segundo a ONU, entre janeiro de 2008 e agosto de 2023 (excluindo o último ataque, portanto), 308 israelenses, entre civis e militares, haviam sido mortos – dos quais 112 por grupos armados palestinos.

No mesmo período, 6.407 palestinos foram mortos, a maior parte civis e por militares israelenses.

Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista.

Já o Brasil e nações como China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega não adotam essa classificação.

Historicamente, o governo brasileiro só aceita classificar uma organização como sendo terrorista se ela for considerada assim pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br