"Eu vi tudo. Estava a 150m da Faixa de Gaza. Vi todos os mísseis, os terroristas invadindo o festival e atirando nas pessoas, sequestrando, estuprando as mulheres", contou ao Correio o paulistano Yehuda Weiss, 29 anos. Uma rave no kibbutz de Khibert Mador, a 150m da fronteira com a Faixa de Gaza, terminou em pesadelo.
Ranani Nidejelski Glazer, gaúcho de 24 anos, também estava na festa, chamada Supernova Universo Paralello Edition, e, até a noite deste sábado (07/10), seguia desaparecido. O paulista Rafael Zimmerman fraturou a perna, foi atingido por estilhaços de granada ao tentar fugir da rave e teve que ser transferido de helicóptero para um hospital de Haifa. O paradeiro de outro brasileiro também era desconhecido. Uma brasileira entrou em choque e foi hospitalizada.
Yehuda relatou que viu vários corpos e carros destruídos por tiros. "Um soldado morto teve o corpo jogado no meio da rua. Não sei como consegui voltar para casa", disse o militar da reserva que mora em Beersheva há dois anos e meio. "Vários amigos foram sequestrados, também mulheres e crianças. Fugi de lá com mais cinco amigos. Fui cortando os carros, no meio dos foguetes e dos tiros", lembra.
De acordo com ele, os militantes do Hamas chegaram por todos os lados, inclusive de paraglider. "Eles roubaram carros da polícia e do exército. Invadiram primeiro uma base militar que estava do lado da festa e mataram todos que estavam lá. Depois, entraram na rave e passaram a atacar bairros e cidades vizinhas", acrescentou. Yehuda acredita que 200 pessoas tenham sido sequestradas pelo Hamas, inclusive vários estrangeiros que participavam da rave.
kibbutzim
Em Or Haner, kibbutz situado a 3km de Gaza, a paulista Gália Schneider estava em um safe room (quarto blindado), sozinha, enquanto tentava controlar o medo. "A situação está muito tensa. É uma guerra, não mais um conflito. Eles (Hamas) invadiram alguns assentamentos e colônias agrícola", relatou ao Correio. "Sequestraram e levaram as pessoas... Estou emocionada... Levaram as pessoas como reféns para Gaza, mais de 150. Mataram muitas pessoas", disse, entre lágrimas. "A gente não tem muito o que fazer. Estamos trancados em um aposento antibombas. Não podemos sair, por enquanto. Pediram para trancar portas e janelas. Os terroristas estão indo às casas das pessoas."
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A brasiliense Kelly Alves, 27, mora há dois anos em Givat'aim (centro) e visitava os sogros em Nir Banin, um moshav (comunidade rural cooperativa) situado a 36km de Gaza. Nascida no Gama, a técnica em cibersegurança foi surpreendida pela invasão do Hamas a kibbutzim próximos. "Acordei às 6h com o som dos bombardeios e das sirenes antiaéreas. As explosões estremecem as janelas, as portas e o teto. O tempo todo escuto helicópteros", relatou à reportagem. Ela e a família se protegiam em um quarto reforçado com blindagem antimísseis. "Estou bastante nervosa, mas meus parentes tentam me acalmar. Procuro não perder a cabeça."
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