América do Sul

Venezuela: MP emite ordem de prisão contra Guaidó e acionará Interpol

Procurador-geral venezuelano acusa ex-presidente autoproclamado de provocar prejuízos de US$ 19 bilhões à estatal PDVSA, além de traição à pátria, usurpação de funções, lavagem de dinheiro, associação criminosa, entre outros crimes

Juan Guaidó:
Juan Guaidó: "O regime ataca de novo, com uma de suas armas prediletas: o sequestro da Justiça" - (crédito: FEDERICO PARRA)
postado em 05/10/2023 22:55 / atualizado em 05/10/2023 22:58

O Ministério Público da Venezuela emitiu, na noite desta quinta-feira (5/10), uma ordem de captura do líder opositor e ex-presidente autoproclamado Juan Guaidó, ao acusã-lo de utilizar recursos da estatal petrolífera PDVSA para se financiar e pagar as próprias despesas jurídicas. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, revelou que solicitará um alerta vermelho à Interpol para que a organização policial internacional detenha o político. "Foram designados promotores para emitir uma ordem de prisão contra ele e a respectiva solicitação de alerta vermelho da Interpol para que este indivíduo pague por esses crimes que a Justiça dos Estados Unidos da América está ciente e divulgando", declarou Saab.

Segundo o procurador-geral, "Guaidó utilizou recursos da PDVSA para causar perdas próximas ou superiores a US$ 19 bilhões (R$ 98 bilhões)". Saab alega que os supostos crimes cometidos pelo opositor se baseiam  em "revelações" fornecidas à imprensa "por um tribunal federal nos Estados Unidos". Entre os crimes imputados a Guaidó, estão traição à pátria, usurpação de funções, obtenção ou extração de dinheiro, valores ou bens públicos, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A reportagem entrou em contato com o assessor de Guaidó nos Estados Unidos, onde o ex-presidente autoproclamado se encontra exilado em Miami, mas obteve a informação de que ele não falaria com a imprensa. Às 21h03 desta quinta-feira (5/10), Guaidó utilizou as redes sociais para comentar a ordem de prisão contra ele. "Assim funciona a máquina de promover mentiras da ditadura: a pós-mentira, para lavar sua propaganda e perseguir, física e moralmente, a oposição venezuelana. Informação falsa de um opinador, neste caso, um lobista: US$ 19 bilhões foram perdidos. Quando se sabe que a emissão ilegal de títulos, desapropriações e hipotecas ao país causou as ações judiciais e prejuízos à nação, sem falar de El Aissami, Chávez, enfermeira, Odebrecht, etc. Repetição constante da mentira por perfis associados à ditadura. O regime ataca de novo, com uma de suas armas prediletas: o sequestro da Justiça."

Em entrevista ao Correio publicada em 3 de setembro passado, Guaidó denunciou uma "perseguição sistemática" na Venezuela, mas garantiu: "A ditadura perde força". "Espero que a comunidade internacional não relativize nossa tragédia, como Lula tem feito. Lamentavelmente, no caso de Lula, há uma decisão de apoiar Maduro. Isso destoa da maioria da classe política brasileira, quando rechaçou a visita de Maduro ao Brasil, destacando a instância dos direitos humanos. A mesma resposta poderia ter vindo de Lula. Lamentavelmente, dele, hoje, nada esperamos."

Líder do partido Voluntad Popular, Guaidó se autoproclamou presidente em 23 de janeiro de 2019. Em dezembro de 2022, deixou de ser reconhecido por outras alas da oposição como chefe de Estado. Em abril passado, atravessou, a pé, a fronteira com a Colômbia para participar de uma cúpula sobre a Venezuela. Acabou forçado a embarcar em um avião para Miami, onde se impôs um autoexílio. 


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