Um vídeo que mostra judeus ortodoxos cuspindo no chão perto de uma procissão de cristãos em Jerusalém provocou indignação e acirrou tensões religiosas na capital cujo as três religiões abraâmicas consideram sagrada. A polícia de Israel disse nesta quarta-feira (4/10) que prendeu alguns dos suspeitos envolvidos no ato.
A cena, capturada na segunda-feira (2/10) por um repórter do jornal israelense Haaretz, mostra um grupo de peregrinos estrangeiros iniciando sua procissão pelo labirinto de calcário da Cidade Velha, lar do local mais sagrado do Judaísmo, o terceiro santuário mais sagrado do Islã e um dos principais locais cristãos.
Erguendo uma cruz gigante de madeira, os homens e mulheres refizeram a rota da Cidade Velha que acreditam que Jesus percorreu antes de sua crucificação. Ao longo do caminho, judeus ultraortodoxos, segurando folhas de palmeira para rituais do feriado judaico de uma semana de Sucot, cruzaram com os peregrinos por vielas estreitas. Enquanto passavam, pelo menos sete deles cuspiram no chão ao lado do grupo cristão.
Uma pessoa foi detida pela polícia israelense. Outros quatro suspeitos foram presos por cuspir em igrejas. Um foi acusado de agressão e quatro foram acusados de conduta desordeira ilegal, disse o porta-voz da polícia Dean Elsdunne. A polícia não respondeu perguntas sobre a identidade dos detidos, afirmando apenas que um deles era menor de idade.
O primeiro-ministro israelita, Binyamin Netanyahu condenou a atitude. Os cristãos - a grande maioria dos quais são palestinos que se consideram vivendo sob ocupação na Jerusalém Oriental anexada por Israel - associaram o aumento do vandalismo e dos ataques anticristãos ao governo de extrema-direita de Netanyahu, que dizem estar encorajando os extremistas judeus.
A mídia israelense informou que um dos aliados de extrema direita de Netanyahu, o legislador Simcha Rothman, estava na marcha durante a qual judeus ultraortodoxos cuspiram nas igrejas.
Essas preocupações sobre a crescente intolerância parecem violar o compromisso declarado de Israel com a liberdade de culto e a confiança sagrada nos lugares sagrados, consagrados na declaração que marcou a sua fundação há 75 anos. Israel dominou Jerusalém Oriental numa guerra de 1967 e mais tarde a anexou, num movimento não reconhecido internacionalmente.
Existem hoje cerca de 15 mil cristãos em Jerusalém, a maioria deles palestinos que se consideram vivendo sob ocupação. Fonte: Associated Press.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br