Por Michel Medeiros
"Devemos nos preparar para uma longa guerra na Ucrânia." A afirmação é do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, em entrevista à imprensa ontem. Para ele, a paz só chegará quando a Rússia parar de atacar o país comandado por Volodymyr Zelensky.
O secretário afirmou que a Aliança Atlântica tem que se preparar para o longo conflito. "A maioria das guerras dura mais do que se pensa quando começam. É por isso que nos devemos preparar para uma longa guerra na Ucrânia", declarou ao grupo de comunicação Funke.
O secretário-geral também destacou que embora uma paz rápida seja o desejo da Aliança Atlântica, "se os ucranianos parassem de lutar, a Ucrânia deixaria de existir". Segundo ele, passada a guerra, a Ucrânia, que fará parte do Nato (sigla em inglês para Otan), precisará de garantias de segurança.
Ainda de acordo com Stoltenberg, os membros do tratado devem aumentar os gastos militares, além de cumprir a meta de aportar pelo menos 2% do Produto Interno Bruno (PIB) para a defesa. A Alemanha é um dos países que ainda não atingiu a meta. Mas, segundo o secretário, está "no caminho certo".
"Em tempos de Guerra Fria, quando governavam Willy Brandt ou Konrad Adenauer, os gastos com a defesa rondavam 4% do PIB. Para a Nato, é importante que o país membro europeu mais populoso cumpra a meta, 2% de um bolo grande é mais do que 2% de um bolo pequeno", acrescentou o secretário.
Para o ex-primeiro-ministro norueguês, é complexo aumentar os gastos com defesa, quando também é preciso investir em outras áreas, como saúde e infraestrutura, ponderou Jens Stoltenberg.
A reunião entre os responsáveis militares da Otan em Oslo, na capital da Noruega, começou na sexta-feira, 15, e terminou ontem.
Retomada
Na tarde de ontem, autoridades ucranianas anunciaram que retomaram o povoado de Klishchiivka, ao sul da cidade de Bakhmut. As vitórias na contraofensiva de Kiev são de grande importância para a Ucrânia, no momento em que o presidente Volodymyr Zelensky se prepara para fazer sua segunda visita a Washington em tempos de guerra, na próxima semana, para tentar reunir apoio.
"Klishchiivka foi limpa de russos", anunciou o comandante das forças terrestres do Exército ucraniano, Oleksander Syrskyi, nas redes sociais. Já Volodymyr Zelensky elogiou os soldados que lutam contra os russos perto de Bakhmut e deu destaque aos que retomaram Klishchiivka.
A cidade, onde viviam centenas de pessoas antes da ofensiva de Moscou, havia sido capturada pelas tropas russas no mês de janeiro. O porta-voz das tropas ucranianas no leste, Ilya Yevlakh, disse que a captura de Klishchiivka poderia ajudar o Exército de Kiev a cercar Bakhmut.
A Ucrânia iniciou uma contraofensiva no sul e leste do país em junho, depois de acumular armas ocidentais e recrutar batalhões. Bakhmut, cidade que tinha cerca de 70 mil habitantes antes da guerra, foi capturada pelas forças russas em maio, após uma das batalhas mais longas e sangrentas desde a invasão russa.
No sábado, o exército russo negou ter sido "desalojado" da cidade ucraniana de Andriivka, que também está localizada ao sul da cidade de Bakhmut.
"Na área de Donetsk, o inimigo (...) continua lançando operações de ataque (...) tentando em vão desalojar as tropas russas das cidades de Klichiivka e Andriivka", informou o Ministério da Defesa.
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