Uma rede de tráfico com o objetivo de recrutar cubanos para participarem "de operações bélicas na Ucrânia" foi identificada por autoridades da ilha, que iniciaram processos criminais contra pessoas envolvidas, informou a chancelaria nesta segunda-feira (4/9).
O Ministério do Interior "trabalha na neutralização e desarticulação de uma rede de tráfico de pessoas que opera a partir da Rússia para incorporar cidadãos cubanos ali radicados, incluindo alguns procedentes de Cuba, às forças militares que participam de operações bélicas na Ucrânia", informa o comunicado.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, garantiu que o governo da ilha "age com a força da lei" contra essas operações, em mensagem publicada em sua conta na rede social X, antigo Twitter. A chancelaria iniciou "processos criminais contra pessoas envolvidas nessas atividades" e ressaltou sua rejeição "ao "mercenarismo".
O jornal América TeVe, de Miami, publicou na última sexta-feira depoimentos de dois adolescentes que disseram terem sido enganados por pessoas que os procuraram no Facebook para que eles trabalhassem como pedreiros em obras na Ucrânia ao lado do Exército russo.
Pedido de ajuda
"Por favor, tentem nos tirar daqui o mais rapidamente possível, porque estamos com medo", pede um dos jovens, 19, em um vídeo publicado no site do jornal. Segundo o veículo, os jovens enviaram essa mensagem de dentro do ônibus em que eram transferidos da Ucrânia com soldados russos para a cidade russa de Riazan.
O jornal apresentou o depoimento anônimo em áudio de outro cubano, que disse ter assinado um contrato do mesmo tipo, bem como o de uma quarta pessoa, que disse ter assinado o acordo enquanto vivia na Rússia.
Um homem, que pediu para não ser identificado, explicou ao jornal que, assim como outros cubanos, alistou-se para legalizar sua situação na nação euro-asiática.
Ao reiterar sua rejeição categórica a qualquer cumplicidade nessas ações, a chancelaria advertiu que "inimigos de Cuba promovem informações distorcidas, que buscam manchar a imagem do país".
Moscou e Havana estreitam desde o ano passado suas relações em termos políticos e diplomáticos. Representantes do governo de Vladimir Putin expressaram vontade de apoiar Cuba em meio à sua pior crise econômica desde a implosão do bloco soviético, em 1991.
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