REDES SOCIAIS

X retira ferramenta para denunciar notícias eleitorais falsas, dizem pesquisadores

Medida gera debate às vésperas de referendo na Austrália e eleições presidenciais de 2024 nos EUA

X retira ferramenta para denunciar notícias eleitorais falsas, dizem pesquisadores -  (crédito: Getty Images)
X retira ferramenta para denunciar notícias eleitorais falsas, dizem pesquisadores - (crédito: Getty Images)
BBC
Mariko Oi - BBC News
postado em 28/09/2023 07:50 / atualizado em 28/09/2023 15:54

A rede social X (antigo Twitter) de Elon Musk desativou uma ferramenta que permitia aos usuários relatar informações erradas sobre eleições, dizem pesquisadores.

Segundo a ONG Reset.Tech Australia, o recurso foi removido nas últimas semanas, com exceção da União Europeia.

A medida gerou debate às vésperas de um referendo importante na Austrália sobre os direitos de povos indígenas, bem como das eleições presidenciais de 2024 nos EUA.

Autoridades australianas dizem que a circulação de desinformação eleitoral é a pior já vista.

A ferramenta, disponível nos EUA, Austrália e Coreia do Sul desde 2021, havia sido expandida para outros países no ano passado.

Em uma carta pública, a Reset.Tech Australia classificou a medida como "extremamente preocupante", já que a Austrália se prepara para realizar o referendo no próximo mês.

“Parece que agora não existe mais canal para reportar desinformação eleitoral em sua plataforma”, disse o grupo.

Usuários da rede ainda podem denunciar postagens que considerem odiosas, abusivas ou spam.

O primeiro referendo da Austrália em quase um quarto de século acontecerá em 14 de outubro.

A mudança também poderá afetar a capacidade dos eleitores de reportarem informações erradas antes das eleições presidenciais de 2024 nos EUA.

De acordo com a Reset.Tech Australia, o recurso continua disponível para países da União Europeia, onde um estudo recente sugere que a rede X concentra a maior proporção de desinformação entre seis grandes redes sociais.

O estudo da Comissão Europeia examinou mais de 6.000 publicações no Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok, X e YouTube.

O estudo aponta que o X tinha a maior “taxa de descoberta” de desinformação – o que significa as chances de um usuário se depararem com desinformação.

O YouTube teve o valor mais baixo, sugeriu o estudo.

“Minha mensagem para [a plataforma X] é: vocês têm que cumprir a lei. Estaremos observando”, alertou a Comissária de Valores e Transparência da UE, Vera Jourova.

Na UE, os gigantes da tecnologia devem cumprir a Lei dos Serviços Digitais da UE (DSA), que se propõe a proteger usuários e impedir interferência eleitoral.

Desde que Musk assumiu o controle do X, ou Twitter, como era então conhecido, no final de 2022, a empresa foi acusada de permitir um aumento do discurso de ódio e da desinformação.

Musk negou isto em entrevista recente à BBC.

Ele argumentou que o recurso “Notas da Comunidade” da plataforma, que permite aos usuários comentar nas postagens para sinalizar conteúdo falso ou enganoso, é a melhor forma de verificar os fatos.

A BBC procurou a rede X para comentar os pontos desta reportagem.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br