O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja fornecer à Ucrânia mísseis avançados de longo alcance para ajudar Kiev em sua contra-ofensiva, segundo a imprensa americana.
Trata-se dos mísseis ATACMS, com alcance de até 300 km.
Isto permitiria a Kiev atingir alvos russos bem atrás da linha de frente.
Pelo menos dois mísseis ucranianos atingiram o quartel-general da frota russa do Mar Negro, na Crimeia anexada, na sexta-feira (22/9).
Uma fonte militar ucraniana disse à BBC que o ataque no porto de Sebastopol utilizou mísseis Storm Shadow, fornecidos pela Grã-Bretanha e pela França.
Esses mísseis têm um alcance de pouco mais de 240 quilômetros.
A emissora NBC News e o jornal Wall Street Journal citam autoridades americanas não identificadas segundo as quais Biden disse ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que Kiev receberia "um pequeno número" de mísseis ATACMS (Sistema de Mísseis Táticos do Exército). Os dois líderes se reuniram na Casa Branca na quinta-feira (21/9).
O WSJ acrescenta que as armas serão enviadas nas próximas semanas.
Entretanto, o jornal Washington Post citou várias pessoas familiarizadas com as discussões que afirmaram que a Ucrânia iria armar o ATACMS com bombas de fragmentação em vez de ogivas únicas.
Nem os EUA, nem a Ucrânia confirmaram oficialmente o que foi noticiado pela imprensa americana.
Depois das conversas entre Biden e Zelensky, Washington anunciou uma nova parcela de 325 milhões de dólares (R$ 1,6 bilhão) em ajuda militar — incluindo artilharia e munições — para a Ucrânia.
Os tanques Abrams dos EUA serão entregues a Kiev na próxima semana.
No entanto, ambos os presidentes foram evasivos na questão do ATACMS.
"Acredito que muito do que discutimos ontem com o presidente Biden… seremos capazes de chegar a um acordo", disse Zelensky na sexta-feira durante uma visita ao Canadá.
"Sim, [isto é] uma questão de tempo. Nem tudo depende da Ucrânia", acrescentou.
Há meses que Kiev tem pressionado pelo envio dos ATACMS para reforçar sua dura e sangrenta contra-ofensiva no sul.
De posse deles, o governo ucraniano afirma que as principais linhas de abastecimento russas, posições de comando e outros centros logísticos bem atrás da linha da frente poderiam se tornar alvos fáceis, o que forçaria Moscou a recuar e dificultaria assim o reabastecimento de tropas e armamento.
As posições russas nas regiões ocupadas da Ucrânia no sul — incluindo a Crimeia — seriam particularmente vulneráveis, acrescenta Kiev.
O presidente russo, Vladimir Putin, lançou uma invasão em grande escala à Ucrânia em fevereiro de 2022, e o governo Biden inicialmente hesitou em fornecer à Ucrânia armamento moderno.
Mas, desde então, a posição americana mudou drasticamente, e Kiev recebeu sistemas de foguetes de longo alcance Himars de alta precisão e mísseis de defesa aérea Patriot.
Biden tem hesitado em relação ao ATACMS em meio a temores de que tais mísseis possam levar a Rússia a usar armas nucleares.
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