Marrocos

A busca por sobreviventes no Marrocos após forte terremoto que matou 2,9 mil

Colin, um border collie treinado por equipe oficial do Reino Unido para reconhecer o cheiro de pessoas vivas, não encontrou sinais na vila de Douzrou

Moradores de Douzrou dizem que há pouca esperança de encontrar alguém vivo no que resta de sua aldeia -  (crédito: BBC)
Moradores de Douzrou dizem que há pouca esperança de encontrar alguém vivo no que resta de sua aldeia - (crédito: BBC)
BBC
Redação* - BBC News
postado em 14/09/2023 08:53 / atualizado em 14/09/2023 10:26

O número de mortos continua a aumentar após o raro e poderoso terremoto de magnitude 6,8 que atingiu o Marrocos na sexta-feira à noite.

Mais de 2.900 pessoas foram confirmadas como mortas e mais de 5.000 ficaram feridas.

O terremoto, o mais forte do Marrocos em mais de um século, atingiu a cordilheira do Alto Atlas, perto de Marrakech.

Na quarta-feira, tremores secundários foram sentidos na aldeia montanhosa de Imi N'Tala, mas os danos foram menores - apenas uma pessoa sofreu ferimentos leves.

As equipes de resgate seguem na região montanhosa para intensificar os esforços nas aldeias devastadas, à medida que as chances de encontrar sobreviventes diminuem.

Houve críticas no Marrocos quanto à rapidez da resposta oficial ao terremoto da sexta-feira, que agora se sabe ter matado mais de 2.800 pessoas.

Equipamentos de grande porte começaram a chegar às regiões remotas das Montanhas do Atlas, que foram as mais atingidas.

No entanto, em muitas áreas, os próprios moradores têm cavado nos escombros das casas desabadas.

Um ativista de direitos humanos em Rabat, Maati Monjib, disse à BBC que não entendia por que o governo marroquino não havia ampliado seu apelo por ajuda externa.

As autoridades aceitaram ajuda de emergência de quatro países - Reino Unido, Espanha, Catar e Emirados Árabes Unidos.

O governo defendeu a decisão de aceitar ajuda limitada, afirmando que "a falta de coordenação poderia ser contraproducente".

Buscas na vila de Douzrou

Na remota vila montanhosa de Douzrou, no Marrocos, um cão chamado Colin, eleito para ajudar nas buscas, corre pelos destroços do terremoto.

O sino preso à sua coleira toca para indicar sua localização enquanto ele pula sobre o concreto quebrado em direção às fendas nos escombros - qualquer lugar onde um sobrevivente ainda possa ser encontrado.

Colin é um cão de resgate que faz parte da equipe oficial do Reino Unido que foi enviada ao Marrocos e ele é treinado para buscar o cheiro de pessoas vivas.

Mas esse trabalho de salvamento ocorre contra todas as probabilidades.

Moradores relatam à BBC que acreditam que há pouca esperança de encontrar alguém vivo no que restou de sua vila - antes do terremoto, Douzrou tinha quase 1.000 habitantes.

No entanto, a maioria das casas desabou quando o terremoto atingiu na sexta-feira, enterrando parte desta comunidade nas ruínas da fúria da natureza.

Isso deixou um vasto e perigoso campo de pedras espalhadas, tijolos de barro e madeira.

Especialistas afirmam que esses materiais tradicionais deixam menos chances de bolsões de ar ou espaços nos quais as pessoas possam sobreviver após o colapso dos edifícios.

Segundo os moradores, mais de 100 pessoas foram mortas na vila.

As pessoas que restaram, exaustas pelo choque, precisam descobrir como encontrar abrigo e alimentar suas famílias.

Os socorristas britânicos conversam com um ancião da vila e se afastam da montanha de destroços, enquanto seu cão de busca permanece ao lado deles.

"Colin é um cão experiente - ele estava na Turquia no início deste ano", diz Neil Woodmansey da Equipe Internacional de Busca e Resgate do Reino Unido (ISAR). Ele se refere ao terremoto devastador de fevereiro no norte da Síria e no sul da Turquia, que matou quase 60.000 pessoas.

"Ele só reage a cheiro de vida. [Aqui] não houve indicação... Então, infelizmente, parece que não há sobreviventes nesta área", ele diz à BBC.

Hussein, um dos sobreviventes e morador da vila de Douzrou, fala com a BBC News enquanto vasculha os escombros de sua casa na esperança de encontrar os pertences de sua família.

"Eu estava aqui com minha família, estávamos jantando. O teto caiu sobre mim. Meu irmão morreu. [Mas] é a decisão de Deus", disse Hussein.

"Não há nada que eu possa fazer agora. Vou apenas pegar minhas roupas e ir para a tenda", acrescentou, antes de pegar seu picareta e continuar trabalhando na confusão de pedras e terra caídas.

*Com informações da reportagem de Tom Bateman, enviado da BBC News às Cordilheiras do Atlas

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