O governo de esquerda espanhol aprovou, nesta terça-feira (12/9), a retirada de uma alta condecoração militar concedida pela Espanha ao chileno Augusto Pinochet em 1975, para "reparar uma injustiça histórica", quando se completa o 50º aniversário do golpe de Estado que derrubou Salvador Allende.
"Com esta retirada da Grã-Cruz do Mérito Militar, que foi concedida na sua época pelo regime franquista, nosso país avança nessa coerência com os compromissos democráticos, (...) com os direitos e as liberdades", anunciou a porta-voz do governo, Isabel Rodríguez, em entrevista coletiva, após o conselho de ministros durante o qual a decisão foi tomada.
A medida havia sido antecipada na noite de segunda-feira pelo presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez. "Chegou a hora de reparar uma injustiça histórica", escreveu, em uma mensagem na rede social X (antigo Twitter).
"Há 50 anos, a democracia chilena foi vítima de um ataque brutal que abalou o mundo", acrescentou Sánchez, referindo-se ao golpe de Estado que derrubou Allende em 11 de setembro de 1973 e estabeleceu a ditadura de Pinochet, regime que durou até 1990.
Pinochet recebeu a Grã-Cruz do Mérito Militar em 1975, quando a Espanha ainda estava sob a ditadura de Francisco Franco (1939-1975).
O presidente chileno, Gabriel Boric, que na segunda-feira liderou um ato sob o lema "Democracia sempre" no Palácio La Moneda, bombardeado há 50 anos durante o golpe de Estado, agradeceu ao governo Sánchez pela decisão.
"Pela memória e pela justiça, mas sobretudo pelo futuro, para que nunca mais", escreveu Boric, também na rede social X, enviando "um abraço fraterno" a Sánchez.
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