Marrocos

"Senti medo de morrer", diz mineira que vivenciou terremoto no Marrocos

Karla Celene, moradora de Montes Claros, passa férias no país onde o tremor, de 6,8 graus, causou mais de 2 mil mortos. Ela dormiu em porta-malas de ônibus

 "Senti medo de morrer", diz mineira que vivenciou terremoto no Marrocos  -  (crédito: arquivo pessoal)
"Senti medo de morrer", diz mineira que vivenciou terremoto no Marrocos - (crédito: arquivo pessoal)
Luiz Ribeiro - Estado de Minas
postado em 10/09/2023 13:38 / atualizado em 10/09/2023 13:38

A professora e escritora mineira Karla Celene Camos, de 62 anos, testemunhou o pânico provocado pelo terremoto de 6,8 graus de magnitude que, na noite de sexta-feira (8/9) atingiu o Marrocos, onde ela passa férias. "Senti medo de morrer. Vi de perto toda a nossa fragilidade, impotência. Tive medo de morrer distante de minha família, amigos e do (meu) país", disse Karla Celene, entrevista ao Estado de Minas, na manhã deste domingo (10).

Moradora de Montes Claros, Norte de Minas, a professora e escritora permanece no Marrocos, que foi altamente atingido pelo tremor, com registro de maior destruição em Marrakech, umas principais a cidades do país, localizado no norte da África. Até então, já foram confirmadas 2.012 mortos e 2.059 feridos, segundo as fontes oficiais.

Karla Celene conta que no momento do sismo - 23 horas em horário local (por  volta das 19h30, horário de Brasília) estava em um hotel na cidade de Boulmande Dades, a 312 quilômetros de Marrakech e situada próxima da Cordilheira Atlas, epicentro do tremor. 

A mineira lembra que "teve sorte" de ter deixado Marrakech no mesmo dia do terremoto, na manhã de sexta-feira, seguindo para Boulmande Dades.

Ela conta que dormia no hotel e acordou ao sentir o terremoto. "O que nos acordou foi o horror de vermos o quarto se mexer violentamente, e o barulho também assustador", afirma a professora e escritora.

Karla Celene lembra que Montes Claros, onde mora, também já teve sequência de abalos sísmicos, mas de baixa intensidade, "terremotos tímidos" - o maior deles foi registrado em 19 de maio de 2011, de 4,5 graus na escala Richter, que atingiu 60 casas." Do que conheço como terremoto são o que chamamos de "terremoc", nossos, tímidos terremotos. Mas o que vimos acontecer em nosso quarto  (no Marrocos) foi diferente", relata a brasileira.

 "Era como se o tremor dissesse: "aqui mando eu". (Tive) uma sensação de total impotência, uma coisa surreal", disse a professora e escritora.

Ela conta que, imediatamente após o terremoto, com uma companheira de viagem, saiu do quarto do hotel. "Vestimos as roupas apressadamente. Lembrei de, junto ao passaporte, pegar celular e carregador.  Pensei no horror de minha família sem comunicação direta da minha parte. Por isso, peguei o celular", relembra.

"Corremos para fora do hotel e encontramos já os outros hóspedes. Uns de camisola, pijama, enrolados em Lençóis", conta. "Alguns dormiram dentro de carros ou ônibus. Peguei travesseiro e, como outros, me deitei no porta-mala do ônibus. Sabendo que a noite seria longa e insone", completa.

"No dia seguinte, aliviados por estarmos vivas, agradecemos a Deus: mais uma lição do quanto devemos ser humildes", afirma Karla Celene Campos.

No sábado (9/9), a mineira seguiu viagem pelo deserto do Saara. Ela publicou mensagens nas redes sociais, agradecendo por sobreviver ao terremoto. "Agora estou bem. Lamento os que não sobreviveram e peço a Deus que os receba e que console familiares. E que nós, humanos, aprendamos as lições que a vida e a mãe natureza não param de nos ensinar", declarou.

"Vida que segue. Esquecer experiência assim, porém, jamais. Vivenciar o que ontem vivenciamos é lição pra vida inteira. Mostra-nos nossa impotência e, principalmente, a necessidade de rever valores", afirmou Karla Celene, que também recebeu muitas mensagens de apoio de amigos.

 

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