A cúpula do G20 em Nova Déli, na Índia, confirmou a entrada da União Africana, que reúne 55 países, como membro permanente do grupo das maiores economias do mundo.
Até então, a África do Sul era o único integrante do continente africano.
Com a entrada do grupo, o G20 passa a ter dois blocos entre seus membros, já que a União Europeia também faz parte.
A entrada da União Africana foi muito defendida pela Índia, que preside o G20 neste ano, e contou com forte apoio do Brasil, que presidirá o grupo a partir de novembro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente da União Africana, Azali Assoumani, em maio, na cúpula do G7 (grupo que reúne as potências ocidentais), ocasião em que manifestou apoio a entrada no G20.
Fontes do Itamaraty disseram à reportagem que o Brasil recebeu com entusiasmo a confirmação da entrada do bloco. O governo brasileiro considera natural a entrada da União Africana, tendo em vista a já antiga participação da União Europeia.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, vem buscando usar sua presidência no G20 para se projetar como líder do “Sul Global” — e a confirmação da entrada da União Africana é vista como uma importante conquista nesse sentido.
Ele expressou orgulho pelo fato de a presidência da Índia no G20 ter visto “a maior participação de países africanos” desde o início do bloco.
A Índia compartilha com o Brasil a agenda pela ampliação da participação de países em desenvolvimento em organismos multilaterais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas.
No entanto, pouco avanço é aguardado para essa cúpula no caso desses organismos.
Lula cobra dos países ricos mais dinheiro para meio ambiente
A cúpula do G20 começou neste sábado, com uma mesa de discussão dos líderes focada em questões climáticas.
Lula discursou e cobrou mais recursos dos países desenvolvidos para a preservação ambiental.
Ele também anunciou que o Brasil lançara uma "Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima", durante sua presidência do G20.
“Desde a COP de Copenhague (conferência climática da ONU de 2009), os países ricos deveriam prover US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”, criticou.
“De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global”, disse Lula, que será o anfitrião da conferência climática de 2025, em Belém, no Brasil.
Ele também criticou diretamente o gasto em armas, rodeado de líderes de grandes potências militares, como Joe Biden (EUA) e Rishi Sunak (Reino Unido).
Já os governos de China e Rússia estão representados pelos ministros de Relações Exteriores.
“Recursos não faltam. Ano passado, o mundo gastou US$ 2,24 trilhões em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática”, disse.
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