O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, fez alusão a ameaças à sua segurança em um vídeo que parece ter sido filmado dias antes de sua morte na queda de um avião.
"Para aqueles que estão discutindo se estou vivo ou não... está tudo bem", diz ele no curto clipe divulgado no Telegram.
O líder mercenário russo foi enterrado em um funeral em São Petersburgo na terça-feira (29/8), segundo sua equipe.
Prigozhin e outras nove pessoas morreram após a queda de avião perto de Moscou, em 23 de agosto. O incidente gerou muitas especulações.
O chefe do Wagner foi descrito por muitos como um "homem marcado para morrer" depois de liderar um motim fracassado em junho, durante o qual seus combatentes assumiram o controle de uma cidade russa e marcharam em direção a Moscou.
A Casa Branca insinuou que as autoridades russas poderiam estar por trás da sua morte, embora o Kremlin tenha negado qualquer sugestão do seu envolvimento como uma "mentira completa".
'Minha destruição'
O canal Grey Zone do Telegram, ligado ao grupo Wagner e que publicou o novo vídeo, disse que o jato foi abatido pelos militares russos – embora não tenha fornecido nenhuma evidência para apoiar esta afirmação.
"Para aqueles que estão discutindo se estou vivo ou não ou como eu estou – agora é fim de semana, segunda quinzena de agosto de 2023, estou na África", disse Prigozhin no vídeo de menos de 30 segundos.
"Então, para as pessoas que gostam de discutir minha destruição, ou minha vida privada, quanto ganho ou qualquer outra coisa - está tudo bem."
A referência ao chamado "fim de semana" no vídeo, na "segunda quinzena de agosto", indica que o vídeo pode ter sido gravado nos dias 19 ou 20 de agosto.
Gravado num veículo em movimento, o vídeo mostra Prigozhin vestindo roupas camufladas e um chapéu semelhante ao que usou em outro vídeo publicado pela Grey Zone no dia 21 de agosto, no qual também indicava que estava na África.
A BBC não conseguiu confirmar os locais ou as datas de nenhum dos vídeos.
Prigozhin já foi um aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin. Mas à medida que a invasão da Ucrânia pela Rússia progrediu, ele tornou-se um crítico frequente da liderança militar do seu país e também do próprio presidente.
Putin descreveu a tentativa de motim em junho como uma "facada nas costas", mas supostamente assinou um acordo que permitiu a Prigozhin evitar acusações e aos combatentes do Wagner se mudarem para Belarus ou se juntarem ao Exército russo regular.
No entanto, muitos especialistas duvidavam que Prigozhin conseguisse escapar impune após desafiar o Kremlin tão claramente.