Grécia

Incêndios na Grécia queimaram mais de 150 mil hectares

Os especialistas falam em desastre ecológico, econômico e danos significativos na região desde o início do verão

Os incêndios deste verão (hemisfério norte) na Grécia queimaram uma superfície de ao menos 150.000 hectares, uma estimativa que inclui um grande foco no norte que arde há quase duas semanas, afirmou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, nesta quinta-feira (31/8). 

O principal destes incêndios devasta há treze dias o Parque Nacional de Dadia (nordeste), na região de Evros, fronteira com a Turquia. Mais de 81 mil hectares queimaram, segundo o observatório Copernicus, naquele que a Comissão Europeia descreveu como "o maior incêndio já registado na UE". 

Cerca de 600 bombeiros, com o apoio de dez aviões e sete helicópteros, lutam nesta quinta-feira contra o incêndio, declarado em 19 de agosto, nesta densa floresta de pinheiros e carvalhos que abriga inúmeras aves de rapina. 

Outro incêndio recente nas encostas do Monte Parnitha, ao norte de Atenas, queimou mais de 6.000 hectares em sua encosta, segundo o Copernicus. 

Em julho, quando a Grécia foi atingida por uma onda de calor com pico de 46 graus no sul, ocorreram graves incêndios nas ilhas de Rodes e Corfu, muito frequentadas por turistas estrangeiros no verão. 

Segundo dados do Copernicus, mais de 50 mil hectares arderam nas ilhas Egeu e Jônica, respectivamente, em incêndios que obrigaram à evacuação de milhares de veranistas e moradores. 

"Porque é que tantas áreas queimaram neste verão na Grécia?", questionou nesta quinta-feira o chefe do Governo em um debate no Parlamento sobre os acidentes. 

Segundo explicou, as primeiras estimativas mostram "danos significativos" e uma área afetada de mais de 150 mil hectares.

Condições extremas

Os incêndios florestais deixaram ao menos 25 mortos desde o início do verão.

Entre eles, 20 supostos migrantes encontrados queimados, incluindo duas crianças, perto de Alexandrópolis, capital de Evros. 

Especialistas falam em "desastre ecológico" e econômico na região, certamente uma das mais pobres da Grécia.

Criticado por partidos da oposição de esquerda, o conservador voltou a culpar pela catástrofe as "condições extremas da crise climática" e a longa onda de calor que afetou o país em julho, seguida por "ventos secos e quentes".

"Houve ventos extremamente incomuns em Evros" e "pequenos focos que assumiram proporções de pesadelo", explicou o ministro grego, que lembrou "semanas com mais de 500 incêndios" neste verão. 

O partido de esquerda Syriza, principal da oposição, considerou que Mitsotakis, no poder desde 2019, é "responsável por esta catástrofe natural sem precedentes". 

"Depois de quatro anos de governo, não há tempo nem espaço para desculpas", enfatizou Socratis Famellos, presidente do Syriza.

Mitsotakis prometeu que os agricultores e habitantes que perderam as suas casas serão indenizados.

O governo grego anunciou, na terça-feira, uma série de medidas para as regiões afetadas e obras para evitar enchentes, um perigo agravado pela destruição das florestas.