Rússia

Grupo Wagner: o que se sabe sobre a morte de Prigozhin

O chefe do grupo de mercenários estava a bordo do avião acidentado no norte da Rússia

O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu na queda do avião que caiu entre as cidades de Moscou e São Petersburgo na quarta-feira (23/8). A aeronave caiu às 18h11 (12h11 no horário de Brasília) enquanto sobrevoava a região de Tver. A agência russa de transporte aéreo Rosaviatsia confirmou que Prigozhin estava a bordo do avião e morreu junto com os demais passageiros.

"De acordo com a companhia aérea, os seguintes passageiros estavam a bordo do avião Embraer-135", informou a Rosaviatsia, citando o nome de Prigozhin, bem como o braço direito dele, Dmitry Utkin. Segundo a agência, o voo era realizado "sob uma licença de espaço aéreo devidamente emitida".

Após o ocorrido, o grupo Wagner confirmou a morte do líder e acusou o acidente de ser um assassinato cometido por traidores russos. De acordo com a vice-diretora do Programa Rússia e Eurásia do think thank Chatham House (em Londres), a ucraniana Orysia Lutsevych, "O conflito dentro das agências de segurança e de defesa da Rússia tende a se aprofundar".

A especialista também não descarta a extinção do Grupo Wagner, por entender que os mercenários estão excessivamente expostos, e Putin reconheceu que eles foram financiados pelo Estado russo. "O Wagner é conhecido por cometer crimes de guerra não apenas na Ucrânia, mas também na África. É provável que seja declarado uma 'organização terrorista'."

Vladimir Putin, Presidente da Rússia, se manifestou nesta quinta-feira (24/8), quase um dia depois do acidente. Putin enviou condolências às famílias das vítimas e expressou elogios ao chefe da facção. Mas, não comentou sobre as acusações dos demais integrantes do Wagner.

Avião brasileiro

O modelo de avião usado pelo líder do Wagner foi construído pela fabricante brasileira Embraer. O modelo Legacy 600 já era o utilizado por ele para viajar pela Rússia e territórios próximos, mas não se sabe se a aeronave que caiu nesta quarta é a mesma utilizada por ele em outras viagens.

Relação de Putin e Prigozhin

Os dois se conheciam desde o início dos anos de 1990, logo após o colapso da União Soviética, e se tornaram aliados importantes em favor do governo russo.

Mas, no mês de julho deste ano, Prigozhin foi chamado de “traidor” por Putin quando ele liderou uma rebelião dos mercenários da Wagner contra a Rússia e o ministro da defesa, Sergei Shoigu, tomando quartéis no sul do país e iniciando uma marcha rumo a Moscou.

O motim durou apenas 24h, após acordo que previa que os milicianos se incorporassem ao exército regular russo. Desde então, o grupo tem contribuído com na guerra contra a Ucrânia.

Assista ao vídeo que mostra o Legacy 600 em queda vertical