Indiciado quatro vezes e sob risco real de condenação e prisão, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump deverá se ausentar do primeiro debate entre pré-candidatos do Partido Republicano, em 23 de agosto. O magnata republicano se recusa a assinar um compromisso de lealdade ao escolhido para disputar as eleições de 2024. O pacto é uma das exigências do partido para participar dos debates. "Por que eu assinaria um compromisso se há pessoas lá que eu não teria?", questionou Trump, que marcou oposição a potenciais presidenciáveis republicanos — entre eles, o governador da Flórida, Ron DeSantis; o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie; e o ex-governador do Arkansas Asa Hutchinson. Na noite de segunda-feira, Trump tornou-se réu na Geórgia, acusado de tentar manipular os resultados das eleições.
O ex-presidente de 77 anos é atualmente o republicano mais bem posicionado para ser eleito pelo partido na busca por um segundo mandato na Casa Branca. Trump associa os indiciamentos a uma perseguição política promovida pelo seu principal adversário, o presidente democrata Joe Biden.
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Mark A. Peterson, chefe do Departamento de Política Pública e professor de ciência política da Universidade da Califórnia (Ucla), avalia que Trump conta com muito apoio entre os eleitores da base ativa do Partido Republicano. "Ele pode chamar tanta atenção, de forma independente, que não existe razão para participar do debate da próxima quarta-feira. Sua presença apenas atrairia mais cobertura midiática dos outros candidatos", disse ao Correio. "Eu não me surpreendria se Trump se recusasse a participar; usasse a desculpa de que considera inapropriado assinar o compromisso de apoiar o candidato do Partido Republicano, independentemente de quem seja; e agendar um evento concorrente para captar a atenção acrítica para si mesmo e para longe do debate."
Por sua vez, Allan Lichtman — historiador político da American University (em Washington) — também duvida que Trump comparecerá ao debate. "Ele nada tem a ganhar, e sua ausência não moverá sua base. Mas, você nunca sabe o que Trump pode fazer", afirmou à reportagem. "A promessa de apoiar o candidato do partido é sem sentido e inexequível. Trump jamais se comprometeria a avalizar alguém que não fosse ele próprio."
O estudioso reconhece que o indiciamento na Geórgia é uma péssima notícia para Trump. "A procuradora Fani Willis, do condadode Fulton, elaborou o mais claro e surpreendente escopo da suposta conspiração liderada pelo ex-presidente, a qual se estendeu a Geórgia ao Arizona", analisou Lichtman.
Crime organizado
Ainda segundo Lichtman, a procuradora se apoiou em uma lei mais comumente usada para punir o crime organizado. "Isso se encaixa como uma luva nas acusações delineadas. A Promotoria alega que Trump e seus facilitadores estavam, de fato, envolvidos em uma conspiração criminosa. Eles pretendiam roubar uma eleição e sabotar a democracia. Ações não menos significativas do que uma conspiração liderada pela máfia", advertiu.
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