MASSACRE

Militares são condenados por matar 39 camponeses há 35 anos no Peru

Os militares participaram de um massacre de 39 camponeses em 1988, na região dos Andes do sul de Ayacucho

A justiça peruana impôs penas de 8 a 15 anos de prisão a 18 militares reformados após o massacre de 39 camponeses em 1988 na região dos Andes do sul de Ayacucho, como parte do combate à guerrilha maoísta Sendero Luminoso, informou o Poder Judiciário.

"O tribunal, presidido pelo juiz Jhonny Contreras Cuzcano, impõe penas de oito a quinze anos de prisão aos acusados por homicídio qualificado no #CasoCayara", anunciou o Poder Judiciário na noite de sexta-feira na rede social X, antigo Twitter.

O caso remonta a 14 de maio de 1988, quando duas patrulhas entraram na comunidade camponesa de Cayara, onde torturaram e executaram camponeses com o argumento de obter informações sobre o assassinato de quatro militares na área durante um ataque do grupo Sendero Luminoso no dia anterior.

As maiores sentenças (15 anos) foram para os tenentes Marco Llontop Jesús e Luis Castañeda Marín, coautores do crime de homicídio qualificado. O restante dos membros das patrulhas, 16 soldados, terá penas de 8 anos de prisão.

O general aposentado do exército José Valdivia Dueñas, um dos líderes militares de Ayacucho durante os anos de conflito (1980-2000), não foi sentenciado por estar foragido da justiça desde dezembro de 2021.

O Ministério Público havia pedido até 25 anos de prisão para o militar reformado por crimes de homicídio e desaparecimento forçado.

A audiência foi virtual e sem público, encerrando 35 anos de busca por justiça para os familiares.

No julgamento, os militares rejeitaram as acusações, alegando que os camponeses estavam mortos quando chegaram a Cayara. Os militares culparam a guerrilha pelo crime, mas o tribunal descartou essa versão com base nos depoimentos de testemunhas que sobreviveram ao massacre.

De acordo com o relatório final da Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR, 2003), no conflito armado que o Peru viveu entre 1980 e 2000, cerca de 69.000 pessoas morreram, a maioria camponeses pobres da região dos Andes.

A CVR responsabilizou o Sendero Luminoso por ser o principal perpetrador de violações dos direitos humanos, mas também acusou as forças de segurança que combateram essa organização de cometer crimes contra a humanidade.

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