A organização criminosa Los Lobos reivindicou o assassinato do candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, morto com três tiros na noite de quarta-feira (9/8). Em vídeo publicado no Twitter, nesta quinta-feira (10/8), o grupo confessou ser autor do atentado e alegaram que o motivo seria o descumprimento de um acordo firmado com a facção, por parte do político.
No vídeo, os integrantes do grupo aparecem encapuzados, com armas de fogo nas mãos, enquanto um homem lê uma mensagem escrita em um papel. No pronunciamento, eles se identificam como o Los Lobos, a segunda maior organização criminosa do Equador, com cerca de oito mil membros espalhados pelos presídios do país e ligados ao tráfico internacional de cocaína. No entanto, horas depois dessas imagens viralizarem, surgiu nas redes sociais outro registro, onde alguns homens dizem ser os verdadeiros integrantes da quadrilha e negam a autoria do crime.
Vestidos com roupas brancas e sem esconder os rostos, eles negaram envolvimento no crime e pediram para a “população equatoriana não se deixar enganar” por pessoas que escondem o rosto para tentar fugir da responsabilidade dos seus atos.
Los Lobos é um grupo derivado da facção Los Choneros, pelo qual Villavicencio afirmou, pouco antes de morrer, ter sido ameaçado. A relação entre as duas organizações acabou depois da morte do líder do Los Choneros, Jorge Luis Zambrano, conhecido como Rasquinha e, agora, ambas disputam a liderança deixada pelo traficante.
Depois do rompimento, o Los Lobos expandiu a influência nas prisões equatorianas. Com presença nas províncias de Cotopaxi, Tungurahua, Santo Domingo, Guayas, Chimborazo, Azuay e El Oro, o grupo adquiriu tanto poder que ocupa um pavilhão inteiro, o número 9, na Penitenciária do Litoral.
De acordo com autoridades policiais do Equador, o Los Lobos está ligado ao cartel Jalisco Nueva Generación, uma organização transnacional de narcotráfico de origem mexicana. Além disso, também tem ligações com outros grupos criminosos, como o Los Tiguerones e Los Chonekillers, que também surgiram a partir da Los Choneros.
Responsáveis por aumento da violência
De acordo com a organização sem fins lucrativos, Insight Crime, nos últimos anos o Los Lobos desempenharam um papel central no agravamento da insegurança no Equador. Isso refletiu no aumento significativo da taxa de homicídios no país em 2021, a maior em comparação com outros países da América Latina.
Segundo o jornal El Tiempo, o grupo e seus aliados introduziram na região táticas criminais pouco comuns até então, como massacres extremamente violentos dentro de prisões, a normalização do assassinato de aluguel, a utilização de explosivos em veículos, ataques massivos contra forças policiais e a exibição de corpos pendurados em pontos, como um tipo de advertência.
Los Lobos se tornou mais conhecido a partir de setembro de 2021, depois que 119 presos morreram em um motim no centro penitenciário de Guyaquil, que se iniciou a partir da rivalidade entre o grupo e o Los Choneros. Desde então, a quantidade de mortos e feridos aumentou, com múltiplos massacres, confrontos e tumultos causados pelo Los Lobos e seus aliados, o Los Tiguerones .
A organização também se tornou ativa no ramo da indústria de mineração ilegal. Essa se tornou uma das principais atividades do grupo, que tem investido na extração irregular de ouro.
Polícia não confirmou autoria do assassinato
Após a morte de Fernando Villavicencio, seis pessoas foram presas acusadas de envolvimento no assassinato. Os suspeitos são de nacionalidade colombiana e foram capturados em uma casa no bairro Conocoto, em Quito, no Equador.
A partir de investigações, as forças de segurança do país chegaram ao local, onde os seis suspeitos foram presos, e encontraram um fuzil, uma submetralhadora, quatro pistolas, três granadas, dois carregadores de fuzil, quatro caixas de munições, duas motocicletas e um veículo fruto de roubo.
Em pronunciamento, o ministro do Interior do Equador, Juan Zapata, o comandante da Polícia Nacional, Fausto Salinas, e o alto comando repudiaram o assassinato e confirmaram que os seis presos fazem parte de uma organização criminosa, mas não especificaram qual. Além deles, outro suspeito de praticar o crime foi morto.
Em vídeo publicado nas redes sociais de Fernando Villavicencio, feito cerca de três semanas antes de ser assassinado, o candidato falou sobre as ameaças que estava sofrendo e que tinha sido orientado a usar um colete a prova de balas. No registro, ele comentou sobre chefes do narcotráfico e assassinos de aluguel e citou a facção Los Choneros como os autores das intimidações.