Candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio foi assassinado, na noite desta quarta-feira (9/8), após sair de um comício na região norte da capital Quito. Fernando tinha 59 anos e era jornalista investigativo. Candidato por uma coligação formada por partidos de centro e de centro-esquerda, o político se declarava defensor das causas indígenas e dos trabalhadores, tendo atuado por anos como líder sindical.
Villavicencio foi membro da Assembleia Nacional do Equador entre 2021 e 2023 — um cargo referente ao deputado federal brasileiro —, eleito por uma coligação entre o Partido Socialista Equatoriano e o Movimiento Concertación. Neste ano, disputava às eleições presidenciais pela coligação Movimiento Construye, no pleito marcado para 20 de agosto.
Uma das principais propostas de Villavicencio era o Plano Nacional Antiterrorista, voltado ao combate do narcotráfico, mineração ilegal, corrupção e propina, ligadas entre si e à política. O Equador tem enfrentado nos últimos anos um aumento do crime relacionado ao tráfico de drogas, o que quase dobrou a taxa de homicídios para 25 por 100.000 habitantes em 2022.
Villavicencio era um dos oito candidatos que disputariam o primeiro turno, e aparecia em quinto lugar nas pesquisas eleitorais. O slogan da campanha dele era a frase "É hora dos corajosos".
Confira o momento do assassinato:
Como jornalista, Fernando foi responsável por revelar casos de corrupção no governo do Equador. Em uma das matérias, ele acusou o ex-presidente Rafael Correa de crimes contra a humanidade. Na época, Fernando foi condenado a 18 meses de prisão, em 2014, acusado de injúrias contra Correa.
Villavicencio chegou a receber asilo político no Peru e acusou o ex-presidente de perseguição. Ele continuou fazendo reportagens sobre corrupção e ganhou destaque com o caso de um suposto prejuízo milionário ao Equador com a venda de petróleo para a China e a Tailândia.
Autor de 10 livros, Villavicencio saio do jornalismo para seguir carreira política. Fernando deixa cinco filhos.
Não foi a primeira vez que o candidato foi atacado. No dia 3 de setembro de 2022, Villavicencio foi vítima de um atentado a balas em sua casa. A esposa ouviu os disparos e chamou à polícia de Quito.
Investigação do assassinato
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, se disse "indignado e chocado" com o crime. Pelo Twitter, ele prestou solidariedade e condolências à esposa e as filhas do político. Ele também relacionou o assassinato com o crime organizado. "O crime organizado já percorreu um longo caminho, mas todo peso da lei vai cair sobre eles", disse.
Lasso convocou o gabinete de Segurança para a sede presidencial, bem como os titulares de órgãos estatais, como o Tribunal Nacional de Justiça, para "discutir esse incidente que abalou o país".
O médico Carlos Figueroa, amigo do candidato assassinado e que estava com ele no momento do ataque, relatou à imprensa que houve cerca de 30 disparos durante o atentado.
A polícia realizou uma explosão controlada no local do ataque, onde aparentemente havia uma bomba.
Há uma semana, Villavicencio denunciou ameaças contra ele e sua equipe de campanha, supostamente vindas do líder de uma gangue criminosa ligada ao narcotráfico, que está detido.