O governo do presidente Joe Biden aprovou, pela primeira vez, uma ajuda militar direta dos Estados Unidos para Taiwan, no âmbito de um programa de assistência a governos estrangeiros, enquanto cresce a preocupação da China, que advertiu, nesta quinta-feira (31/8), sobre as consequências para a "segurança" da ilha.
O Departamento de Estado comunicou ao Congresso, na terça-feira (31/8), o pacote de US$ 80 milhões (R$ 395,2 milhões, na cotação atual). Embora o valor seja reduzido na comparação com as recentes vendas de equipamento bélico para Taiwan, marca a primeira ajuda a Taipei dentro da iniciativa Financiamento Militar Estrangeiro.
Durante cinco décadas, os Estados Unidos reconheceram oficialmente apenas Pequim, embora o Congresso, em virtude da Lei de Relações com Taiwan, exija o fornecimento de armas para a democracia autônoma para sua defesa.
Diferentes governos americanos fizeram isso, mediante vendas e não ajuda direta para Taiwan, com declarações formais falando em termos de transações comerciais com a embaixada "de facto" da ilha em Washington.
Em uma breve nota, o Ministério da Defesa de Taiwan expressou sua gratidão e garantiu que "a ajuda contribuirá para a paz e a estabilidade regionais".
A China considera Taiwan parte de seu território, a ser recuperado algum dia, e se opõe a qualquer tipo de relação oficial entre as autoridades da ilha e governos estrangeiros.
O Departamento de Estado insistiu em que esta primeira ajuda do programa não implica qualquer reconhecimento da soberania de Taiwan.
"De forma consistente com a Lei de Relações com Taiwan e com a nossa política de longa data de 'Uma só China', que não mudou, os Estados Unidos põe à disposição de Taiwan os artigos e serviços de defesa necessários para possa manter uma capacidade de autodefesa", disse um porta-voz da diplomacia.
"Os Estados Unidos têm um interesse permanente na paz e na estabilidade no Estreito de Taiwan, que é fundamental para a segurança e prosperidade regional e mundial", acrescentou.
Tensão aumenta
Em uma sessão informativa à imprensa, o Ministério da Defesa da China advertiu, por sua vez, que a ajuda militar dos EUA a Taiwan prejudicaria a ilha.
"A ajuda e as vendas militares dos Estados Unidos para Taiwan apenas alimentam o complexo militar-industrial americano e prejudicam a segurança e o bem-estar dos compatriotas de Taiwan", disse Wu Qian, um porta-voz deste ministério.
"Nesse sentido, o Exército de Libertação Popular irá, como sempre, tomar todas as medidas necessárias para contrabalançá-las com determinação", acrescentou, referindo-se ao Exército chinês por seu nome oficial.
Embora o Departamento de Estado não tenha anunciado a ajuda publicamente, nem seus detalhes, uma fonte familiarizada com o anúncio disse que a assistência consistiria em apoio para melhorar o vigilância no mar.
A assistência precisa da aprovação do Congresso, o que é praticamente certo, uma vez que tanto os legisladores democratas quanto os republicanos apoiam Taiwan.
O representante (deputado) Mike McCaul, presidente republicano do Comitê de Relações Exteriores da Câmara e crítico da política externa de Biden, elogiou a medida.
"Estas armas não só ajudarão Taiwan e protegerão outras democracias na região, como também fortalecerão a postura de dissuasão dos Estados Unidos e garantirão nossa segurança nacional frente a um PCC cada vez mais agressivo", disse ele, referindo-se ao Partido Comunista Chinês.
Washington anunciou, na semana passada, que autorizou a venda a Taipei de equipamentos de detecção para os aviões de combate da ilha, ameaçada de invasão por parte da China.
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