Rússia

Chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin é confirmado morto em acidente de avião, dizem autoridades russas

Yevgeny Prigozhin foi confirmado morto após análise genética dos corpos encontrados em acidente de avião, segundo autoridades russas.

Yevgeny Prigozhin foi confirmado morto após análise genética dos corpos encontrados em acidente de avião, segundo autoridades russas -  (crédito: Reuters)
Yevgeny Prigozhin foi confirmado morto após análise genética dos corpos encontrados em acidente de avião, segundo autoridades russas - (crédito: Reuters)
BBC
BBC Geral
postado em 27/08/2023 09:11 / atualizado em 27/08/2023 11:16

O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, foi confirmado morto após análise genética dos corpos encontrados em acidente de avião ocorrido na quarta-feira (23/8), dizem autoridades russas.

O Comitê de Investigação (SK, na sigla em russo) disse que as identidades de todas as 10 vítimas foram estabelecidas e correspondiam às da lista de passageiros do voo.

O jato particular de Prigozhin caiu a noroeste de Moscou, matando todos a bordo.

O Kremlin negou especulações de que teria sido culpado pelo acidente.

O SK disse que dará continuidade a uma investigação criminal.

“Os testes genéticos moleculares foram concluídos”, afirmou o comitê em comunicado.

“De acordo com os resultados, foram apuradas as identidades de todos os 10 falecidos e correspondem à lista publicada no manifesto de voo.”

As vítimas incluem várias figuras importantes do grupo Wagner, um grupo mercenário russo criado por Prigozhin e envolvido em operações militares na Ucrânia, na Síria e em partes da África.

Entre eles estava Dmitry Utkin, que administrou as operações militares do grupo Wagner.

O acidente ocorreu dois meses depois de Prigozhin ter liderado um motim do grupo Wagner contra as forças armadas russas, tomando a cidade de Rostov, no sul, e ameaçando marchar sobre Moscou.

O impasse foi resolvido depois que um acordo foi fechado, o que levou os combatentes de Prigozhin e do grupo Wagner a se mudarem para a Bielorrússia

No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, descreveu o motim como uma "facada nas costas" e tem havido especulações de que as forças de segurança russas estiveram de alguma forma envolvidas no acidente.

Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os rumores eram uma "mentira absoluta".

A trajetória de Prigozhin

Yevgeny Prigozhin nasceu em São Petersburgo, que também é a cidade natal de Vladimir Putin.

Ele foi condenado na Justiça pela primeira vez em 1979, com apenas 18 anos, e teve uma pena de dois anos e meio por roubo, que cumpriu em liberdade. Dois anos depois, ele foi condenado a 13 anos de prisão por roubo e furto, nove dos quais cumpriu atrás das grades.

Após ser solto, Prigozhin montou uma rede de barracas que vendiam cachorro-quente em São Petersburgo. Ele se deu bem nos negócios e em poucos anos — ao longo da década de 1990, período de transição das leis na Rússia — Prigozhin conseguiu abrir restaurantes caros na cidade.

Foi lá que ele começou a ter contato com as pessoas mais poderosas de São Petersburgo e, depois, da Rússia.

Um de seus restaurantes, o New Island, era um barco que navegava pelo rio Neva. Vladimir Putin gostava tanto do restaurante que, depois de se tornar presidente, começou a levar seus convidados estrangeiros para comer lá.

Foi provavelmente assim que os dois se conheceram.

Em 2003, Putin já confiava em Prigozhin o suficiente para comemorar seu aniversário no New Island.

Anos depois, a empresa de alimentação em eventos de Prigozhin, a Concord, foi contratada para fornecer comida ao Kremlin, o que rendeu ao líder o apelido de "chef de Putin".

As empresas ligadas a Prigozhin também ganharam contratos para fornecer comida a escolas militares e empresas estatais.

Após a Revolução Ucraniana de Maidan em 2013-14 e a anexação da Crimeia pela Rússia, surgiram os primeiros relatos da existência da empresa militar privada Wagner.

O grupo Wagner também desempenhou um papel proeminente na Síria – e foi então que seu comandante, Dmitry Utkin, apareceu pela primeira vez como colaborador próximo de Prigozhin.

No verão de 2022 no Hemisfério Norte surgiram relatos de que o grupo Wagner lutava na Ucrânia.

Em poucas semanas, Prigozhin estava visitando prisões russas, recrutando presos para o esforço de guerra.

Mas a relação entre Prigozhin e Putin seria irremediavelmente abalada pelo motim do chefe do grupo Wagner em junho deste ano.

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