Por que Rússia usa mercenários do grupo Wagner em guerra? A BBC News Brasil faz um resumo de questões-chave envolvendo o grupo de mercenários.
O grupo Wagner contribui com soldados e dinheiro para a Rússia. O grupo também é conhecido por seu estilo de combate mais agressivo e pouco convencional.
O líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, teve ligações próximas com o presidente russo Vladimir Putin — pelo menos até recentemente, antes da curta rebelião do Wagner contra Moscou.
Além disso, especialistas dizem que Putin se beneficia dos métodos pouco convencionais do Wagner, que não poderiam ser adotados abertamente por tropas oficiais.
O uso de forças mercenárias é tecnicamente ilegal na Rússia, mas o Wagner registrou-se como empresa em 2022, para driblar a lei. Os EUA classificaram o grupo como uma "organização criminosa" em janeiro.
O grupo Wagner possui um contigente de 25 mil soldados, segundo declaração recente de seu líder.
O número não é grande dentro do universo militar russo. A Rússia possui mais de 1 milhão de militares, além de 900 mil funcionários civis que trabalham na defesa. Cerca de 5 mil soldados do Wagner marcharam rumo ao Kremlin na curta rebelião de junho.
Mas o Wagner é um dos grupos que mais cresceram nos últimos anos. Isso acontece porque o Wagner consegue recrutar prisioneiros russos para combater na Ucrânia. Fontes americanas dizem que 80% das tropas do Wagner na Ucrânia são formadas por ex-prisioneiros russos.
O Wagner conduz algumas das operações militares mais delicadas da Rússia, como na batalha pela cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
Um comandante militar ucraniano disse que o Wagner tem um estilo de combate mais agressivo e menos convencional, e que surpreende seus inimigos no campo de batalha.
"Os soldados do Wagner avançam abertamente sob fogo em nossa direção, mesmo que vários deles estejam caindo pelo caminho, mesmo que de 60 pessoas em seu pelotão restem apenas 20. É muito difícil resistir a uma invasão dessas. Não estávamos preparados para isso, e estamos aprendendo agora", disse um comandante ucraniano em Bakhmut à BBC.
Outro motivo pelo qual a Rússia emprega os serviços do Wagner é a chamada "negação plausível" — o uso de agentes privados permite que o governo russo negue o envolvimento em operações controversas.
Segundo o jornalista Ilya Zhegulev, que estuda o Wagner, Prigozhin "nunca se recusou a fazer trabalhos sujos".
A Rússia por vezes se distancia do Wagner quando julga conveniente. Em janeiro, o ministério russo da Defesa não reconheceu que havia combatentes do grupo lutando na Ucrânia, provocando a ira de Prigozhin.
Nas semanas anteriores à invasão, circularam informações de que o Wagner estariam realizando "ataques de fachada" — que serviriam de pretexto para o Kremlin autorizar a invasão da Ucrânia.
O grupo também é "usado pelo Kremlin para impor a disciplina no campo de batalha“, de acordo com Marina Miron, especialista do Kings College, em Londres.
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