Indiciado pela quarta vez — agora por tentar reverter o resultado das eleições no estado da Geórgia e obter votos a seu favor —, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump terá 10 dias para se apresentar ao tribunal e ser fichado. "A Geórgia, como todos os estados, tem leis que permitem àqueles que acreditam que os resultados de uma eleição estão errados (...) contestar estes resultados em nossos tribunais estaduais. (...) A acusação formal alega que, em vez de acatar o processo legal da Geórgia para contestações eleitorais, os acusados se envolveram em um empreendimento de crime organizado para anular o resultado da eleição presidencial na Geórgia", declarou a promotora do condado de Fulton, Fani Willis. Trump responderá a 13 acusações, incluindo violação da lei estadual de extorsão, solicitação de um funcionário público para violar seu juramento, conspiração para se passar por um funcionário público, conspiração para cometer falsificação em primeiro grau e conspiração para arquivar documentos falsos.
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Em gravação divulgada pelo jornal The Washington Post, Trump pediu à principal autoridade eleitoral da Geórgia que achasse votos suficientes para anular as eleições no estado, em 2020. "Eu só quero encontrar 11.780 votos", afirmou o magnata republicano ao secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger. Além de Trump, a promotora Fani Willis indiciou 18 pessoas, incluindo auxiliares do ex-presidente, em 41 acusações, com base em uma lei antimáfia vigente na Geórgia. As penas previstas vão de 5 a 20 anos de prisão. Entre os indiciados, estão o ex-prefeito de Nova York e advogado Rudolph Giuliani (13 acusações); Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump (2 acusações); e o também advogado John C. Eastman (9 acusações).
Sem autoperdão
James Naylor Green, historiador político da Brown University (em Rhode Island), classificou como "muito importante" o novo indiciamento do republicano. "Não somente pelo fato de ele ser acusado de violar as leis norte-americana. Dessa vez, se ele for condenado, não poderá se conceder um autoperdão, caso seja eleito presidente, nem pedir a outro candidato presidencial para fazer isso", explicou ao Correio. "A condenação prevê prisão obrigatória. O perdão somente poderá ser solicitado cinco anos depois do início do cumprimento da pena, mediante uma decisão de uma comissão indicada pelo governador da Geórgia, o republicano Brian Kemp. No entanto, Kemp foi muito atacado por Trump e poderá ser uma testemunha no processo."
De acordo com Green, Trump tem adotado um discurso com viés racista, o que levou a procuradora Fani Willis a sofrer ataques por parte de apoiadores do ex-presidente. Com três processos federais e um estadual nas costas, além de vários na instância civil, Trump está "frito", na opinião do especialista. Green acredita que o processo da Geórgia se arrastará por mais tempo. "O ex-presidente responderá por crimes em uma lei criada para punir mafiosos.
Professor assistente de direito da Universidade Estadual da Geórgia, Anthony Michael Kreis também vê um "conjunto de acusações muito graves" contra o republicano. "Se condenado, Donald Trump poderá enfrentar entre cinco e 20 anos de prisão e/ou uma multa pesada", disse ao Correio. Segundo ele, caso o magnata seja absolvido em um primeiro julgamento, o governo pode optar por julgá-lo novamente. "No entanto, dada a força das evidências, não acho provável que haja uma absolvição."
Apesar dos quatro indiciamentos, Kreis considera improvável que os problemas com a Justiça prejudiquem as chances de Trump se tornar o candidato do Partido Republicano para as eleições de 2024. "Parece que as acusações tendem a energizar muitos dos apoiadores do ex-presidente. No entanto, isso pode ter um peso real entre os eleitores indecisos, preocupados com a conduta de Trump", concluiu Kreis.
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