Incêndio florestal

Brasileira abandona cães e se joga no mar para fugir das chamas no Havaí

Calor intenso que atinge o Hemisfério Norte provocou maior incêndio dos últimos 60 anos no Havaí. Brasileira e o marido sobreviveram, mas cerca de 90 pessoas morreram

Centenas de pessoas estão desaparecidas na área de 850 hectares que foi atingida pelo incêndio -  (crédito: Yuki IWAMURA / AFP)
Centenas de pessoas estão desaparecidas na área de 850 hectares que foi atingida pelo incêndio - (crédito: Yuki IWAMURA / AFP)
Correio Braziliense
postado em 14/08/2023 19:56

O Havaí foi atingido, neste fim de semana, pelo incêndio florestal mais fatal da história dos Estados Unidos. A queimada, na ilha de Maui, deixou 96 mortos, de acordo com a última atualização do boletim emitido pelo Departamento de Polícia de Maui.

A quantidade de mortes pode ser ainda maior, tendo em vista que os cães farejadores ainda não vasculharam toda a área destruída. Centenas de pessoas estão desaparecidas na área de 850 hectares que foi atingida pelo incêndio. A devastação expressiva foi impulsionada pela velocidade em que a queimada se alastrou. As chamas chegaram tão rápido à região residencial que os moradores não tiveram tempo para fugir e o sistema de sirenes não foi acionado. Com isso, as pessoas ficaram presas no meio do fogo.

O programa Fantástico, da Globo, mostrou, no domingo (13/8), a história da brasileira Andressa Cicchino e o esposo Mike Cicchino, moradores de Lahaina, que conseguiram sobreviver ao incêndio. Eles saíram vivos do desastre porque Mike decidiu comprar um gerador, viu as chamas se aproximando, e voltou para alertar Andressa. “Quando ele saiu, já viu uma fumaça gigante e muitos carros descendo e pessoas correndo. Então ele voltou e falou: ‘Vamos sair de casa. Só pega os cachorros’. Então, na hora, eu não conseguia nem imaginar o que estava acontecendo", contou a empresária ao Fantástico.

O casal tem uma clínica veterinária, onde abrigava cinco cachorros, mas, por conta da dificuldade em fugir do incêndio, tiveram que abandonar os animais. Com as ruas bloqueadas, eles precisaram sair do local a pé. “Nessa hora, a gente se desesperou. Pensamos que não sobreviveríamos. Foi na hora que o Mike ligou para a mãe dele para se despedir”, detalhou Andressa.

Cercados por chamas

Em certo momento, Andressa e Mike perceberam que não conseguiriam fugir das chamas e acabaram cercados pelo fogo. A única alternativa encontrada pelo casal foi se jogar no mar para não ser atingido pelo incêndio. Outras pessoas fizeram o mesmo. “Mas dentro da água ficou um vento muito forte, muito forte. Os carros explodindo e a gente vendo crianças pequenas no colo da mãe. Falavam: ‘Mamãe, eu não quero morrer’”, contou Mike.

Mike salvou pelo menos 40 pessoas dentro do mar, entre elas crianças perdidas dos pais e idosos com dificuldades de locomoção. Ao todo, foram 12 horas de desespero, até que o resgate chegou e ele conseguiu receber primeiros-socorros, já que estava passando mal por ter inalado muita fumaça.

“É agradecer a Deus que passamos por tudo isso, mas estamos vivos. Eu só tenho a agradecer a todo mundo, principalmente, a minha comunidade brasileira porque por mais que eu tenha ele e a família dele que me amam muito, eu queria ter o aconchego do Brasil", desabafou Andressa.

Os focos de incêndio ainda não estão totalmente controlados. De acordo com a última atualização do Condado de Maui, 85% do incêndio em Lahaina está controlado e “várias equipes de bombeiros foram designadas para monitorar e lidar com qualquer surto". "Não há ameaças ativas no momento”, continua o comunicado. Já em Kula, ainda existem “pontos quentes em ravinas e outros locais de difícil acesso” e 60% está contido.

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