GOLPE

Países europeus começam a retirar cidadãos do Níger após golpe de Estado

O presidente Mohamed Bazum foi destituído em 26 de julho por sua própria guarda de segurança, no terceiro golpe de Estado da região em três anos

Agence France-Presse
postado em 01/08/2023 16:01
A Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) adotou sanções no domingo contra o Níger -  (crédito:  AFP)
A Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) adotou sanções no domingo contra o Níger - (crédito: AFP)

A França e a Itália anunciaram nesta terça-feira (1º) que começarão a retirar seus cidadãos e de outros países europeus do Níger, seis dias após o golpe de Estado que derrubou um dos últimos governantes pró-Ocidente nesta região da África, onde atuam vários grupos extremistas.

O presidente Mohamed Bazum foi destituído em 26 de julho por sua própria guarda de segurança, no terceiro golpe de Estado da região em três anos, após as tomadas de poder nos vizinhos Mali e Burkina Faso.

Após as manifestações hostis de domingo diante da embaixada francesa em Niamey, capital do país, e das acusações procedentes do Níger de que a França conspira a favor de uma intervenção militar, o governo de Paris anunciou nesta terça-feira a retirada de seus cidadãos e ofereceu ajuda para outros europeus.

"Uma operação de retirada por via aérea está sendo preparada", disse a embaixada em uma mensagem. Estas evacuações "ocorrerão muito em breve em um período de tempo muito limitado", acrescentou.

Em Berlim, o Ministério das Relações Exteriores pediu aos cidadãos alemães em Niamey que embarcassem em voos da França, acrescentando que menos de 100 civis alemães ainda podem estar no país.

De acordo com uma fonte francesa, serão utilizados aviões de transporte militar desarmados com capacidade para mais de 200 pessoas. A França calcula que quase 600 cidadãos do país estão no Níger, número que não inclui turistas ou os residentes franceses que estão no exterior.

"Não temos nenhum problema com os franceses" nem com europeus, disse Hamidou Alin, um nigerino de 58 anos, acrescentando que o problema é com os "governos europeus".

Em Roma, o governo informou que estava organizando um "voo especial" para os que desejam deixar o Níger, adicionando que não seria uma "evacuação". Do total de quase 500 italianos no país, cerca de 90 estão em Niamey.

A Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) adotou sanções no domingo contra o Níger, advertiu que poderia utilizar a força no país e deu um ultimato de uma semana aos golpistas para que Bazum retorne ao poder.

Na segunda-feira, a junta militar acusou a França de tentar "intervir militarmente", o que Paris nega, ao mesmo tempo que Mali e Burkina Faso, também governados por militares, alertaram que qualquer intervenção na nação africana seria uma "declaração de guerra" contra estas.

Instabilidade

O Níger é um país semidesértico, um dos mais pobres e instáveis do mundo, apesar de suas grandes reservas significativas de urânio, que registrou quatro golpes de Estado desde a independência em 1960.

Bazum chegou ao poder em 2021, depois de vencer as eleições que representaram a primeira transição pacífica de poder no país. O mandato, no entanto, já estava marcado por duas tentativas de golpe antes dos acontecimentos da semana passada, quando ele foi detido na residência oficial por membros da guarda presidencial de elite.

O comandante da guarda, general Abdurahaman Tiani, se declarou o novo líder do país, apesar das críticas da CEDEAO, da União Africana, da ONU, assim como da França, Estados Unidos e União Europeia.

O golpe acionou os alarmes nos países ocidentais que lutam para conter uma insurgência jihadista nesta região, 

que teve início no norte do Mali em 2012, avançou para o Níger e Burkina Faso três anos depois e agora ameaça as fronteiras de vários Estados frágeis no Golfo de Guiné.

A violência extremista provocou um número indeterminado de vítimas civis, soldados e policiais em toda a região. Em Burkina Faso, 2,2 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas.

A França já teve 5.400 soldados na região como parte da missão antijihadista denominada 'Barkhane', com o apoio

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação