O primeiro-ministro de Camboja, Hun Sen, de 70 anos, anunciou nesta quarta-feira(26) sua renúncia após 38 anos no poder e cederá o cargo a seu filho mais velho, após a vitória de seu partido nas eleições de domingo.
O ex-líder do Khmer Vermelho, de 70 anos, governa o país desde 1985, proibindo a maioria dos partidos de oposição, e reprimindo a liberdade de expressão e qualquer reforma democrática.
Nesta quarta, Hun Sen anunciou pela televisão que não continuará como primeiro-ministro e pediu "compreensão" aos cidadãos.
Seu primogênito, Hun Manet, um general de 45 anos, ocupará seu cargo a partir da noite de 22 de agosto, indicou.
No entanto, Hun Sen deixou claro que seguirá presente na política cambojana, passará a presidir o Senado e assumirá a liderança do Estado quando o rei viajar para o exterior.
No domingo, seu Partido Popular do Camboja (PPC) reivindicou a vitória com 82% dos votos da eleição na qual nenhum partido relevante da oposição pôde participar.
O único partido de oposição sério, o Candlelight Party, for desqualificado por questões técnicas.
Os resultados oficiais ainda não são conhecidos mas espera-se que o PPC conquiste 120 das 125 cadeiras na câmara baixa.
As eleições foram criticadas pela União Europeia e Estados Unidos, que consideraram que não foram "nem livres nem justas".
Nesta quarta, as Nações Unidas denunciaram que as eleições ocorreram em um ambiente marcado por ameças e intimidação.
"Os partidos políticos da oposição, ativistas, membros da imprensa e outras pessoas enfrentam muitas restrições e retaliações que parecem ter como objetivo minimizar a campanha política e obstruir o exercício das liberdades fundamentais essenciais para a celebração de eleições livres com plena participação", afirmou o alto comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Volker Türk, em nota.
Sob o mandato de Hun Sen, a China fez altos investimentos no Camboja para o desenvolvimento de infraestruturas, incluindo uma base naval que despertou preocupação em Washington.
Mas a chegada do dinheiro chinês também trouxe problemas, como a proliferação de cassinos e golpes online praticados por estrangeiros, vítimas do tráfico de pessoas que vivem em péssimas condições.
Seus críticos também denunciam que seu governo foi marcado pela destruição do meio ambiente e pela corrupção.
Camboja ocupa o 150º lugar de 180 no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional. Na Ásia, apenas Mianmar e Coreia do Norte ocupam posições piores.