Mar Negro

Ucrânia imita Rússia e anuncia bloqueio de navios no mar Negro

O alerta foi dado após uma nova rodada de bombardeios nos portos ucranianos de Mikolaiv e Odessa, ofensiva condenada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Autoridades ucranianas advertiram, ontem, que as embarcações que navegam pelo Mar Negro rumo aos portos controlados pela Rússia podem ser alvo de ataques, um dia após ameaças semelhantes por parte de Moscou. O alerta foi dado após uma nova rodada de bombardeios nos portos ucranianos de Mikolaiv e Odessa, ofensiva condenada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Kiev acusa Moscou de mirar especificamente sua infraestrutura portuária com o objetivo de impedir qualquer possível retomada de suas exportações de grãos. "Esses ataques estão tendo impacto muito além da Ucrânia. Já vemos o efeito negativo nos preços mundiais do trigo e do milho, o que prejudica todos, mas especialmente as pessoas vulneráveis do sul do planeta", disse Guterres por intermédio de seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

Na madrugada de ontem, definida pelos ucranianos como uma "noite infernal", pelo menos duas pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas em bombardeios com drones e mísseis. Kiev divulgou imagens de edifícios em chamas e parcialmente destruídos.

Em Odessa, o zelador de um edifício foi encontrado "sob os escombros" após um ataque. A prefeitura de Mikolaiv informou que "pelo menos cinco prédios residenciais foram danificados" e o corpo de uma pessoa foi encontrado. A Força Aérea ucraniana informou que, no total, a Rússia lançou 38 mísseis e drones contra as cidades.

"Infelizmente não é possível interceptar todos os mísseis, em particular os supersônicos Kh-22 e Onyx, que são muito difíceis de destruir", disse Oleh Kiper, governador da província de Odessa, no Telegram. Esses artefatos, pouco utilizados pela Rússia, foram lançados contra terminais de grãos e infraestruturas nos portos de Odessa e Chornomorsk, destruindo silos e 60 mil toneladas de grãos. O Exército russo alega que só atacou instalações militares na província de Odessa e perto de Mikolaiv.

A situação na região se agravou no início da semana, depois que ucranianos realizaram um ataque com drones contra a Ponte Kerch, na península da Crimeia, anexada pelos russos em 2014. Depois disso, Moscou anunciou o fim do acordo que garantia a exportação de cereais da Ucrânia pelo Mar Negro. Em seguida, os bombardeios na região dos portos foram intensificados.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse estar disposto a retornar o pacto, mas apenas se a "totalidade" de suas demandas for respeitada e acusou os países do Ocidente de "chantagem política".

 

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