Dezenas de milhares de israelenses foram às ruas de todo o país ontem, bloqueando a estrada de acesso ao principal aeroporto, em Tel-Aviv, e entrando em confronto com policiais. O protesto foi uma resposta à votação, na madrugada desta terça-feira (11/7), que avançou a reforma judicial, proposta pela coalizão de extrema direita para limitar a supervisão do governo.
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O plano de reforma de Binyamin Netanyahu avançou com uma votação importante, fazendo com que os manifestantes voltassem às ruas. A Knesset (Parlamento) aprovou na primeira de três votações o fim do "princípio de razoabilidade" da Suprema Corte, que derruba decisões do Executivo consideradas não razoáveis.
Entre 10 mil e 15 mil pessoas ocuparam o Aeroporto Internacional Ben-Gurion, impactando as viagens e repetindo o roteiro da histórica greve geral que o paralisou Israel, em 27 de março. Outros ativistas se reuniram no centro de Jerusalém, além de pelo menos 20 vilas e cidades. Policiais dispararam canhões de água e prenderam 71 pessoas na tentativa de dispersar as manifestações.
Volta
A intensidade dos protestos não atingiu os níveis vistos em março, quando os principais sindicatos paralisaram grande parte da economia israelense para protestar contra os esforços do governo para restringir o alcance da Justiça.
No entanto, as renovadas manifestações mostraram que o debate sobre a reforma está longe de terminar. Depois de um hiato de três meses em que governo e oposição buscaram, mas não conseguiram chegar a um acordo, os líderes israelenses estão prosseguindo mais uma vez com partes do plano de Netanyahu, provocando uma revolta popular.
Militares
Ontem, 300 reservistas da unidade cibernética dos militares assinaram uma carta dizendo que não seriam voluntários para o serviço, explicando que o governo demonstrou que "está determinado a destruir o Estado de Israel". Conforme a reforma avança, cada vez mais militares da reserva - e alguns da ativa - aderem aos protestos, provocando preocupações de segurança no país que atualmente vive tensões internas e externas. "Habilidades cibernéticas sensíveis com potencial para serem usadas para o mal não devem ser dadas a um governo criminoso que está minando os fundamentos da democracia", diz a carta.
Arnon Bar-David, chefe do sindicato Histadrut, ameaçou uma greve geral que poderia paralisar a economia, que já sofre com as consequências da desconfiança de investidores. "Se a situação chegar a um extremo, vamos intervir e empregar nossa força", disse Bar-David.
Os aliados de Netanyahu propuseram uma série de mudanças no Judiciário com o objetivo de enfraquecer o que dizem ser poderes excessivos de juízes não eleitos. Netanyahu, que voltou ao poder em dezembro, está envolvido em vários processo de corrupção e tráfico de influência. Ele nega, mas seus críticos dizem que escapar da cadeia é o que move sua reforma da Justiça. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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