Diplomacia

'Base mais sólida' na relação China x EUA, afirma Janet Yellen

Afirmação é da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, após viagem de quatro dias a Pequim na última semana

Ao encerrar os quatro dias de visita a Pequim, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou ontem que as reuniões com as autoridades chinesas deram uma "base mais sólida" às relações bilaterais com a China. A viagem teve como objetivo estabilizar os laços entre as duas maiores economias do mundo.

Durante a visita, Yellen insistiu na necessidade de maior intercâmbio e colaboração com a China, apesar das profundas divergências entre as duas potências. "O sentimento expresso por ambos os lados é que o mundo é grande o suficiente para permitir que todos prosperem, cooperem nos desafios globais e tenham relações econômicas construtivas", disse a secretária em entrevista à CBS News.

Saiba Mais

Embora a visita não tenha resultado em acordos específicos, a agência oficial de notícias chinesa, Xinhua, informou no sábado à noite (8/7) que a reunião de Yellen com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, levou a um acordo para "fortalecer a comunicação e a cooperação para enfrentar os desafios globais". A autoridade chinesa acrescentou que os dois lados concordaram em continuar as discussões.

Ontem, em entrevista transmitida pela CNN, o presidente americano, Joe Biden, disse que quer o "restabelecimento de relações de trabalho que são benéficas para eles e para nós".

"Lembrei (ao presidente chinês Xi Jinping) que desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, 600 empresas americanas se retiraram da Rússia. E ele me disse que a sua economia é baseada em investimentos americanos e europeus, então vamos ficar de olho", completou o presidente, especificando que não era "uma ameaça".

Tensões

A secretária do Tesouro dos EUA Janet Yellen garantiu que, apesar das "diferenças significativas" entre os dois países, conseguiu manter conversas "diretas, substanciais e produtivas" com as autoridades chinesas.

"Minhas reuniões bilaterais, que totalizaram 10 horas em dois dias, foram um passo adiante em nosso esforço para colocar as relações EUA-China em uma base mais sólida", declarou.

Entre as principais divergências estão as restrições comerciais que, segundo os Estados Unidos, visam reduzir o acesso da China à tecnologia avançada que considera crucial para sua segurança nacional.

Os Estados Unidos manterão as "ações direcionadas" para preservar sua segurança nacional, mas essas restrições comerciais não visam "extrair benefícios econômicos", esclareceu Yellen.

Ela afirmou que as ações de seu governo buscam ser "transparentes, de alcance limitado e direcionadas a objetivos claros (...). Não as utilizamos para obter benefícios econômicos".

Ainda de acordo com a secretária, também levantou "sérias preocupações" sobre o que chamou de "práticas comerciais injustas" de Pequim. Yellen citou barreiras à entrada de empresas estrangeiras no mercado chinês, assim como questões de proteção à propriedade intelectual.

"Também expressei minhas preocupações sobre um recente aumento nas medidas de fiscalização contra empresas americanas", ponderou, referindo-se a uma recente repressão de segurança nacional a consultorias americanas na China.

Olhando para o futuro, "provavelmente qualquer progresso concreto e resultados importantes serão anunciados pelos dois governantes", disse Yun Sun, diretor do programa para a China no Stimson Center em Washington. "Os dois lados não têm esse nível de comunicação e consulta há muitos anos", afirmou em entrevista à AFP.

Na avaliação do diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade Fudan, Wu Xinbo, a visita de Yellen parece "mais entusiástica" do que a recente visita do secretário de Estado, Antony Blinken.

"Os chineses veem Yellen como uma profissional, e sua atitude em relação às relações econômicas e comerciais China-EUA é relativamente racional", acrescentou o diretor do Centro de Estudos, Wu Xinbo.

(Com informações da AFP)