Israel lançou uma operação militar de larga escala contra militantes palestinos no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia.
Houve intensa troca de tiros entre forças israelenses e militantes palestinos armados no campo de refugiados.
Esta parece ser uma das maiores operações isralenses no território em anos.
A operação começou com vários ataques de drones na manhã de segunda-feira (3/7), e Israel enviou forças terrestres, levando a confrontos nas ruas.
Oito palestinos foram mortos e 50 feridos, disseram autoridades palestinas.
Israel disse ter "infligido um duro golpe às organizações terroristas", mas os palestinos acusaram o país de cometer um crime de guerra.
Um porta-voz militar israelense disse que não há um cronograma específico para encerrar a operação e que ela pode levar "horas ou talvez um ou dois dias".
Jenin tornou-se um reduto de uma nova geração de militantes palestinos. O campo foi alvo de repetidos ataques militares israelenses no ano passado, e palestinos que vivem no local foram associados a vários ataques a tiros contra israelenses.
Em 2002, durante a segunda intifada palestina, as forças israelenses lançaram uma incursão em larga escala em Jenin.
Pelo menos 52 militantes e civis palestinos e 23 soldados israelenses foram mortos, e grande parte do campo foi destruída durante dez dias de intensos combates.
Além do zumbido dos drones no alto, há rajadas regulares de tiros em Jenin, além do barulho de explosões vindo do campo de refugiados, que é densamente povoado, abriga cerca de 14 mil pessoas e, agora, é uma zona militar israelense isolada.
Os militares israelenses disseram que seu primeiro ataque de drone teve como alvo um apartamento que estava sendo usado como esconderijo para palestinos que atacaram israelenses e como um "centro de comando operacional conjunto" para as Brigadas Jenin - uma unidade composta por diferentes grupos militantes palestinos, incluindo o Hamas e a Jihad Islâmica.
Drones foram usados para novos ataques aéreos, e milhares de soldados israelenses foram mobilizados no que um porta-voz militar descreveu como uma "operação antiterrorista" focada em apreender armas e acabar com "a mentalidade de que o campo é um porto seguro e que se tornou um ninho de vespas".
Em meio a intensos tiroteios entre as tropas israelenses e militantes palestinos, as Brigadas Jenin disseram: "Vamos lutar contra as forças de ocupação [israelenses] até o último suspiro e bala, e trabalharemos juntos e unidos a todas as facções e formações militares".
Ahmed Zaki, morador do campo, disse à BBC que "colunas de veículos do exército israelense penetraram nos arredores do campo vindos de várias ruas".
O motorista de ambulância palestino Khaled Alahmad disse: "O que está acontecendo no campo de refugiados é uma guerra real".
"Houve ataques do céu visando o acampamento, a cada vez que saímos com cinco a sete ambulâncias voltamos cheios de feridos", disse ele à agência de notícias Reuters.
O Ministério da Saúde palestino disse que oito palestinos foram mortos pelas forças israelenses, incluindo três no ataque de drone.
Todos pareciam ser homens jovens ou adolescentes - alguns confirmados como membros de grupos armados.
O ministério alertou que o número de mortos pode aumentar porque dez dos feridos estão em estado crítico.
Outro palestino foi morto a tiros por forças israelenses durante um protesto relacionado perto da cidade de Ramallah, na Cisjordânia, acrescentou.
O porta-voz militar israelense disse que suas forças "neutralizaram" sete "terroristas" palestinos em Jenin.
O ministro de Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou mais tarde que a operação de Jenin estava "progredindo conforme o planejado".
"Demos um duro golpe nas organizações terroristas em Jenin e conseguimos registrar conquistas operacionais impressionantes", disse ele.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, disse que o país não pretende expandir a operação para o resto da Cisjordânia.
"Nosso objetivo é focar em Jenin, e nosso objetivo é focar apenas nos terroristas e suas células", disse ele a jornalistas.
Um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, condenou a operação israelense como "um novo crime de guerra contra nosso povo indefeso" que não traria segurança e estabilidade à região.
Nabil Abu Rudeineh enfatizou que os palestinos "permanecerão firmes em suas terras diante dessa agressão brutal até que a ocupação seja derrotada e a liberdade seja alcançada".
Houve uma onda de violência na Cisjordânia nos últimos meses.
Em 20 de junho, sete palestinos foram mortos durante um ataque israelense em Jenin, que viu o primeiro uso militar de um helicóptero de ataque na Cisjordânia em anos.
No dia seguinte, dois homens armados do Hamas mataram a tiros quatro israelenses em um posto de gasolina e um restaurante perto do assentamento de Eli, a 40 km ao sul de Jenin.
Depois, um palestino foi morto a tiros durante um ataque de centenas de colonos, que incendiaram casas e carros na cidade vizinha de Turmusaya.
Naquela semana, três militantes palestinos de Jenin também foram mortos em um raro ataque de drones israelenses, depois que eles supostamente realizaram um ataque a tiros em um posto de controle perto da cidade.
Desde o início do ano, mais de 140 palestinos - militantes e civis - foram mortos por forças israelenses ou colonos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental, enquanto outros 36 foram mortos na Faixa de Gaza.
Vinte e sete pessoas do lado israelense foram mortas - incluindo dois estrangeiros e um trabalhador palestino - em ataques ou aparentes ataques de palestinos. Todos eram civis, exceto um soldado fora de serviço e um membro das forças de segurança israelenses.
*Com reportagem de Rushdi Abu Alouf na Cidade de Gaza e Robert Greenall em Londres