RÚSSIA X UCRÂNIA

Guerra na Ucrânia: Putin diz que Rússia não rejeita negociações de paz

Em fala após encontro com líderes africanos, Putin disse que as iniciativas africanas e chinesas podem servir como base para encontrar a paz

BBC
Marita Moloney - Da BBC News
postado em 31/07/2023 15:54
Putin falou com a imprensa em São Petersburgo, após reunião com líderes africanos -  (crédito: Reuters)
Putin falou com a imprensa em São Petersburgo, após reunião com líderes africanos - (crédito: Reuters)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que não rejeita a ideia de negociações de paz em relação à Ucrânia.

Em fala após encontro com líderes africanos em São Petersburgo, na Rússia, Putin disse que as iniciativas africanas e chinesas podem servir como base para encontrar a paz.

No entanto, Putin também disse que não pode haver cessar-fogo enquanto o exército ucraniano estiver na ofensiva.

Horas após a declaração de Putin, a Rússia disse que um ataque de drone ucraniano em Moscou danificou dois prédios de escritórios.

Os voos foram brevemente suspensos no aeroporto de Vnukovo, a sudoeste do centro da cidade, e uma pessoa ficou ferida, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.

A Ucrânia não comentou o incidente do drone até a publicação desta reportagem.

Uma testemunha ocular, que apenas deu seu primeiro nome como Liya, disse à Reuters que viu fogo e fumaça. "Ouvimos uma explosão e foi como uma onda, todos pularam", disse ela. "Aí havia muita fumaça e não dava para ver nada. De cima, dava para ver fogo."

Nas conversas sobre paz, tanto a Ucrânia quanto a Rússia disseram anteriormente que não irão à mesa de negociações sem certas pré-condições.

Kiev diz que não concederá nenhum território, mas Moscou diz que Kiev deve aceitar a "nova realidade territorial" de seu país. A Rússia invadiu o vizinho no ano passado e está ocupando territórios no sul e no leste do país.

Putin disse na coletiva de imprensa no sábado (29/7) que não havia planos para intensificar a ação na Ucrânia por enquanto.

Ele também defendeu a prisão de vozes críticas, alegando que algumas pessoas de dentro do país estavam prejudicando a Rússia.

As críticas à invasão da Ucrânia por Moscou são proibidas e os membros mais proeminentes da oposição estão atrás das grades ou no exílio.

Em sua abrangente fala à imprensa, o presidente russo também disse que Moscou realizou alguns "ataques preventivos" após uma explosão em uma ponte da Crimeia no início deste mês.

Após o incidente na ponte, que deixou duas pessoas mortas, Putin prometeu responder ao que alegou ser um ato "terrorista" da Ucrânia. Kiev não disse oficialmente que foi responsável pela explosão na ponte, que liga a península ocupada à Rússia.

A Cúpula Rússia-África ocorre depois que um grupo africano, incluindo líderes e representantes de sete países, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e Putin no mês passado.

Na quarta-feira (26/7), a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, atual chefe do New Development Bank (NDB), o "Banco do Brics", se reuniu com Putin.

Segundo a equipe dela, o objetivo do encontro foi discutir a próxima Cúpula do Brics, marcada para 22 a 24 de agosto em Joanesburgo, e temas como a expansão de membros do NDB.

Dilma e Putin
SPUTNIK/KREMLIN POOL/EPA-EFE/REX/Shutterstock
Dilma Rousseff e Putin se reuniram em São Petersburgo

Em abril, declarações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a guerra na Ucrânia ganharam repercussão e provocaram fortes reações negativas por parte de Estados Unidos e União Europeia.

Em viagem à China em abril, Lula disse ser "preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz".

Em seguida, foi acusado por John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, de "papagaiar" o discurso sino-russo.

Ainda em abril, após as críticas, Lula disse condenar a "violação da integridade territorial" da Ucrânia e afirmou que defende uma solução "política e negociada" para a guerra.

Recentemente, já em julho, Lula evitou comentários sobre o conflito e disse que precisava se concentrar em questões internas do Brasil. "Não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia", disse. "A minha guerra é aqui, é contra a fome, contra a pobreza, contra o desemprego."

Últimos acontecimentos na Ucrânia

O presidente Zelensky visitou nos últimos dias as forças especiais ucranianas perto de Bakhmut, a cidade onde alguns dos combates mais violentos da guerra estão ocorrendo.

As autoridades ucranianas disseram que as tropas de Kiev estão avançando gradualmente perto de Bakhmut, no leste, que as forças russas tomaram em maio.

Durante a noite, a cidade de Sumy, no nordeste da Ucrânia, foi atingida por foguetes, matando uma pessoa e ferindo outras cinco, informou o Ministério do Interior do país.

O ministério disse no Telegram que um míssil russo atingiu uma instituição educacional na noite de sábado. A BBC não verificou esta informação.

Em outro lugar, duas pessoas morreram e outra ficou ferida depois que um míssil atingiu "uma área aberta" na cidade de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, no sábado, disse uma autoridade.

Anatoliy Kurtiev, secretário do conselho da cidade, disse que a onda de choque causada pelo "míssil inimigo" quebrou janelas de apartamentos e danificou uma instituição educacional e um supermercado.

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