COREIA DO NORTE

Clandestino, soldado americano atravessa fronteira da Coreia do Norte

Um funcionário americano confirmou que o cidadão em questão é um soldado e acredita-se que esteja detido na Coreia do Norte

Agence France-Press
postado em 18/07/2023 14:41 / atualizado em 18/07/2023 14:42
Coreia do Norte
 -  (crédito: KCNA VIA KNS / AFP)
Coreia do Norte - (crédito: KCNA VIA KNS / AFP)

Um soldado americano entrou na Coreia do Norte durante uma visita turística à altamente vigiada fronteira deste país com a Coreia do Sul e estima-se que esteja sob custódia norte-coreana, informaram nesta terça-feira (18/7) as Nações Unidas.

"Um cidadão dos Estados Unidos cruzou sem autorização a Linha de Demarcação Militar" com a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), durante uma visita à Área de Segurança Conjunta, setor sob controle da ONU, disse o posto de comando da organização.

"Acreditamos que ele esteja detido na RPDC, e estamos trabalhando com nossos colegas do Exército Popular da Coreia para resolver o incidente", acrescentou o ponto de comando da ONU, referindo-se às forças armadas norte-coreanas.

Um funcionário americano confirmou que o cidadão em questão é um soldado e acredita-se que esteja detido na Coreia do Norte.

O canal CBS News, citando autoridades dos Estados Unidos, garantiu que um membro de baixa patente do Exército americano estava sendo escoltado para casa por motivos disciplinares, mas que conseguiu deixar o aeroporto e se juntar ao grupo de turistas.

Desde que a Guerra da Coreia, de 1950-1953, terminou com um armistício e não com um tratado de paz, os dois países continuam tecnicamente em conflito, e sua fronteira, muito vigiada, consiste em uma zona desmilitarizada.

Soldados de ambos os Estados trabalham frente a frente na Área de Segurança Conjunta, ao norte de Seul, sob a supervisão do comando das Nações Unidas.

O local é também um popular destino turístico, com centenas de visitantes por dia, do lado sul-coreano.

Em 2019, o então presidente americano Donald Trump se reuniu com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na localidade fronteiriça de Panmunjom, e esteve, também, em território norte-coreano ao cruzar a linha de demarcação.

Uma testemunha, que disse ter participado da mesma excursão, contou ao CBS News que o grupo havia visitado um dos edifícios da localidade quando "este homem soltou um sonoro 'ha ha ha' e começou a correr entre os dois prédios".

"No começo pensei que era uma brincadeira de mau gosto, quando ele não voltou, me dei conta de que não era uma piada e então todos reagiram e as coisas ficaram loucas", explicou.

Submarino nuclear dos EUA na Coreia do Sul 

Em 2020, no início da pandemia de covid-19, a Coreia do Norte fechou suas fronteiras e não tornou a abri-las novamente. Também reduziu significativamente a segurança em sua área na zona desmilitarizada.

Uma equipe da AFP visitou a Área de Segurança Conjunta este ano e confirmou que não havia soldados norte-coreano visíveis no local.

De acordo com o protocolo do armistício, nem funcionários americanos nem da Coreia do Sul podem cruzar a fronteira pra recuperar o soldado dos EUA.

O incidente ocorre em um momento em que as relações entre as duas Coreias são mínimas. A ação diplomática está paralisada e Kim Jong-un pediu o desenvolvimento armamentista de seu país, incluindo armas nucleares táticas.

Já a Coreia do Sul e os Estados Unidos intensificaram sua cooperação em relação à Defesa organizando exercícios militares conjuntos, alguns dos quais serão realizados no próximo mês.

Na última terça-feira, as duas potências celebraram, em Seul, a primeira reunião do Grupo Consultivo Nuclear (NCG), que visa aprimorar a coordenação nuclear entre estes aliados e reforçar a preparação militar na Coreia do Norte.

Além disso, anunciaram que o submarino nuclear americano fez uma escala na cidade sul-coreana de Busan pela primeira vez desde 1981, o que poderia provocar uma resposta forte da sua vizinha do norte.

Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, afirmou na última segunda-feira (17/7), que a implantação do submarino apenas "afastará" Pyongyang de qualquer negociação.

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