Rússia

Como foi a misteriosa reunião entre Putin e líder do grupo Wagner

Vladimir Putin acusou a liderança do grupo Wagner de "traição" e de lhe dar "uma facada nas costas". Cinco dias depois estava no Kremlin, junto com 34 de seus comandantes, sentado à mesa e conversando com Yevgeny Prigozhin

BBC
BBC Geral
postado em 10/07/2023 19:37 / atualizado em 10/07/2023 20:02
Encontro foi reviravolta nos desdobramentos da tentativa de golpe
 -  (crédito: EPA)
Encontro foi reviravolta nos desdobramentos da tentativa de golpe - (crédito: EPA)

Cinco dias depois de supostamente tentar dar um golpe na Rússia, o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, conseguiu um encontro com o presidente Vladimir Putin, segundo revelação do próprio Kremlin.

A reunião secreta adicionou mais uma incógnita a uma situação que já era cheia de suspense e mistério.

Na manhã do dia do golpe fracassado (24/6), Vladimir Putin acusou a liderança do grupo Wagner de "traição" e de lhe dar "uma facada nas costas". Mais tarde naquele dia, pilotos da força aérea russa foram mortos, abatidos por caças do grupo.

Então, com os mercenários a apenas 200 km da capital russa, o Kremlin e o grupo Wagner fizeram um acordo. O motim acabou. Ninguém foi preso. Ninguém foi processado.

Não só Yevgeny Prigozhin não foi preso, como cinco dias depois estava no Kremlin, junto com 34 de seus comandantes, sentado à mesa e conversando com o presidente Putin.

Não se sabe exatamente o que foi dito no encontro entre Prigozhin e Putin, mas as versão oficial russa é de que tudo teria sido resolvido.

"Putin fez uma avaliação dos eventos de 24 de junho. Ele ouviu as explicações dos comandantes e sugeriu possibilidades para o futuro deles e do uso das forças em combate", disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.

Segundo ele, Prigozhin teria dito no encontro que o grupo Wagner "apoia Putin incondicionalmente".

Os desdobramentos da reunião, no entanto, mostram um cenário diferente.

Foi divulgado que o acordo entre o Kremlin e Wagner para acabar com o motim em 24 de junho estabelecia que Prigozhin deveria deixar a Rússia e ir para Belarus, junto com os combatentes do Wagner que expressaram o desejo de se juntar a ele.

Mas, na semana passada, o líder de Belarus, Alexander Lukashenko, disse que o líder do grupo Wagner e seus mercenários não estavam lá.

Agora não se sabe onde estão Prigozhin e seus mercenários.

homem com roupa miliar atrás de um vidro com um W marcado e caracteres russos
Reuters
O grupo mercenário foi identificado em 2014

Campanha ideológica

Nos últimos dias, a mídia estatal russa tem veiculado vídeos negativos para Prigozhin.

Fotografias potencialmente embaraçosas supostamente tiradas durante a invasão de sua mansão em São Petersburgo vazaram para a mídia social e para a TV russa. Elas mostram barras de ouro, armas e uma grande coleção de perucas.

Ontem à noite, o principal programa do Russia-1, News of the Week, divulgou um relatório afirmando que o militar tentou "se passar por Robin Hood, mas não é".

"Ele era um empresário com um passado criminoso. Muitos de seus projetos eram duvidosos e nem sempre dentro da lei", dizia o texto.

*com informações de Henri Astier e Steve Rosenberg

 

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