Félix Maradiaga, ex-secretário-geral do Ministério da Defesa, ex-preso político e principal líder da oposição na Nicarágua
Com a aplicação de sanções a oficiais desertores, Ortega busca tornar a Polícia Nacional da Nicarágua muito mais repressora e silenciar a oposição?
Efetivamente. A Polícia Nacional tem sido a principal instituição à frente da repressão, muito mais do que o Exército da Nicarágua. As reformas policiais buscam dar maior eficiência repressiva à Polícia frente ao cenário de novos protestos e torná-la mais funcional em seu caráter de polícia política. Na condição de ex-preso político, depois de ter sido interrogado mais de 400 vezes, durante 611 dias no cárcere, todos os meus interrogatórios foram políticos. Jamais me fizeram perguntas legítimas sobre delitos. As perguntas eram sobre minha ideologia, minha opinião em relação aos EUA, e por que eu tinha escrito artigos opinativos nos meios de comunicação. Pude confirmar que a Polícia Nacional da Nicarágua é, total e completamente, política.
O que é ser um opositor na Nicarágua?
Hoje, ser opositor na Nicarágua implica em ser um cidadão com morte civil, que não tenha direito à nacionalidade ou à propriedade, e que não tenha nenhum direito cívico ou político. Ser opositor significa ser uma pessoa que vive permanentemente ameaçada de ser presa. Estive no cárcere durante 611 dias. Depois, fui deportado para os Estados Unidos, em 9 de fevereiro. As autoridades da Nicarágua retiraram minha nacionalidade. Hoje, sou um apátrida. (RC)
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