Três perguntas para Manolis Makaris, cardiologista do Hospital Geral de Kalamata

O que os sobreviventes contaram para o senhor sobre o naufrágio?

Segundo eles, havia 750 pessoas no barco, incluindo entre 50 e 100 crianças no deque inferior. As crianças teriam sido mantidas ali para serem protegidas. Eles descreveram as condições difíceis no convés. Disseram-me que viajavam havia cinco ou seis dias, e que o barco virou repentinamente. Não houve qualquer alarme ou algo que pudesse apontar uma situação difícil. A primeira coisa que eles quiseram foi entrar em contato com familiares. Eu lhes dei meu celular e eles se comunicaram com suas esposas e parentes. Isso foi algo muito útil para eles.

 

Como eles estão do ponto de vista emocional?

Eles estão muito abalados psicologicamente por conta do que aconteceu. Por outro lado, estão felizes por estarem vivos. 

 

Na condição de médico, como o senhor vê uma tragédia dessa dimensão em sua região?

É uma das maiores tragédias registradas no Mediterrâneo. Depois que eu dei o meu celular para que os sobreviventes falassem com suas esposas e eles me devolveram o aparelho, comecei a receber muitas ligações do Egito. Muitas pessoas me enviaram fotos de seus familiares desaparecidos, ontem (quarta-feira) à noite. Você não pode imaginar o que senti naquele momento, pois vi o rosto de jovens desaparecidos. Eles me perguntavam: "O que aconteceu com ele? O que aconteceu com essas crianças?". Tentei me comunicar com a Guarda Costeira e a Cruz Vermelha para encontrar uma solução e para saber dessas pessoas. Pedi aos familiares que enviassem todos os detalhes de seus entes queridos à Guarda Costeira e à Cruz Vermelha. (RC)