A maioria dos republicanos reagiu à mais recente acusação contra Donald Trump saindo em defesa do ex-presidente e condenando o processo judicial. Mas se você analisar mais a fundo, a linguagem que eles usam para defendê-lo é reveladora.
Às vezes, se diz, por conta das profundas divisões políticas, que os Estados Unidos são dois países que compartilham o mesmo território. A mesma coisa poderia ser dita sobre o Partido Republicano — são vários partidos que compartilham a mesma marca política.
As acusações criminais contra Donald Trump sob a Lei de Espionagem, por manusear documentos confidenciais após deixar a Casa Branca, tornaram essas divisões dentro do partido particularmente acentuadas.
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A seguir, está uma análise rápida do que as várias divisões estão falando sobre o indiciamento do ex-presidente — e o que está motivando suas respostas.
Os rivais de Trump
Este é o grupo que está mais sob escrutínio, e o grupo que tem mais a perder — os republicanos que estão concorrendo contra Trump pela indicação do partido para disputar a Casa Branca em 2024.
São as pessoas que querem se distinguir do ex-presidente, sem afastar seus apoiadores.
Eles parecem contornar o dilema concentrando sua defesa na sugestão de que a lei não está sendo aplicada de maneira justa, já que Joe Biden, quando era vice-presidente, também pegou documentos confidenciais ao deixar o cargo. O atual presidente ainda está sendo investigado, mas uma diferença fundamental é que ele devolveu os arquivos.
A reação do governador da Flórida, Ron DeSantis, o atual concorrente mais próximo de Trump, representa essa abordagem. Ele pareceu defender Trump quando afirmou que houve uma "aplicação desigual da lei".
Outro pré-candidato à presidência, o senador Tim Scott, da Carolina do Sul, disse que as acusações eram exemplo de "um sistema de justiça em que a balança tem dois pesos e duas medidas".
O ex-vice-presidente Mike Pence, que está concorrendo contra seu antigo chefe, afirmou em uma convenção republicana no fim de semana que ninguém está acima da lei. Em seguida, falou sobre anos de suposta politização no Departamento de Justiça e o fracasso em processar Hillary Clinton.
A situação é fluida, no entanto, e cada um dos aspirantes à corrida presidencial de 2024 vai recalcular regularmente suas estratégias à medida que os eventos se desenrolam.
Foi o que aconteceu com a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, por exemplo. Ela inicialmente divulgou uma declaração que soava muito semelhante a seus colegas candidatos presidenciais. "Não é assim que a justiça deve ser feita em nosso país", ela tuitou.
Na tarde de segunda-feira (12/06), durante uma aparição na Fox News, ela mudou de tom, criticando o ex-presidente de forma muito mais direta.
O ex-governador de Nova Jersey, Chris Christie, quer forçar os republicanos a fazer um acerto de contas com Trump. "Os fatos apresentados aqui são contundentes em termos da conduta de Donald Trump, e é isso que nós, como partido, devemos observar", ele disse. Asa Hutchinson, ex-governador do Arkansas, pediu que Trump desistisse da corrida presidencial de 2024.
Mas pode ser que o candidato mais improvável, o empresário Vivek Ramaswamy, esteja mais em contato com a base do partido: ele reforçou sua defesa, dizendo que perdoaria Trump se eleito.
Verdadeiros trumpistas
E a maior e mais barulhenta das divisões republicanas, o grupo que apoia o ex-presidente, independentemente das acusações feitas contra ele? Na verdade, quanto mais acusações Trump enfrenta, mais eles respondem a isso argumento que se trata de um esforço conjunto e coordenado para desacreditá-lo.
Eles dizem que as acusações relacionadas aos documentos confidenciais são uma tentativa do presidente Biden de se livrar de um oponente político no período eleitoral. As primeiras pesquisas sugerem que esta acusação não persuadiu nenhum dos verdadeiros trumpistas a deixar de apoiá-lo.
"É inadmissível que um presidente indicie o principal candidato que se opõe a ele", disse o líder da maioria na Câmara, Kevin McCarthy. Ele sabe que foi um procurador especial independente quem apresentou as acusações contra Trump, mas precisa manter o apoio dessa facção conservadora de extrema direita, liderada por Jim Jordan.
Esses apoiadores de Trump não querem nem sequer se envolver nos detalhes do processo legal contra ele.
A retórica de alguns membros do Congresso foi mais inflamatória. Depois que os detalhes da acusação foram divulgados na sexta-feira, o deputado Andy Biggs, do Arizona, tuitou: "Chegamos agora a uma fase de guerra. Olho por olho."
Os nunca (e os não mais) trumpistas
Trump perdeu esses republicanos há muito tempo — eles às vezes ainda ficam do lado dele em raros momentos em que engolem sua desaprovação porque gostam das políticas dele: este não é um desses momentos.
Bill Barr, ex-procurador-geral de Trump, disse à Fox News neste fim de semana que ficou chocado com o grau de sensibilidade dos documentos e com a quantidade.
"Se metade disso for verdade, ele está frito", afirmou. "E essa ideia de apresentar Trump como uma vítima aqui, vítima de uma caça às bruxas, é ridícula."
O senador republicano Mitt Romney disse que as acusações, se comprovadas, são consistentes com outras vezes em que o ex-presidente trabalhou contra o interesse nacional.
"Trump arrumou essas acusações não apenas pegando documentos confidenciais, mas também se recusando a simplesmente devolvê-los quando teve inúmeras oportunidades de fazer isso."
Mas não espere ouvir muitos deles se manifestando contra o ex-presidente, especialmente aqueles que ainda ocupam cargos políticos. É um grupo bastante solitário.