Crianças perdidas

Colombiana de 13 anos protegeu irmãos mais novos na selva por 40 dias

O ministro da Defesa destacou a coragem da garota durante o período na selva. "Precisa reconhecer não apenas a coragem de Lesly, mas também sua liderança", disse

A criança indígena Lesly Jacobombaire Mucutuy, 13 anos, protegeu e cuidou dos três irmãos mais novos, de 9, 5 e 1 ano, durante os 40 dias que eles ficaram perdidos em uma selva da Amazônia colombiana. "Precisamos reconhecer não apenas a coragem de Lesly, mas também sua liderança. Foi por causa dela que os três irmãos puderam sobreviver. Com seus cuidados, com o conhecimento da selva", disse Iván Velásquez, ministro da Defesa da Colômbia.

As quatro crianças estão em um hospital de Bogotá, capital da Colômbia, e segundo o governo estão “fora de perigo” e “felizes”. Até o momento, eles ainda não conseguem ingerir alimentos sólidos e estão em “processo de recuperação”.

O general Carlos Rincón, médico do hospital de Bogotá que atende as crianças, informou que os irmãos receberão "suporte tradicional e psicológico para se adaptarem a essas novas condições".

Colombian Presidency / AFP - Uma das quatro crianças indígenas que foram encontradas vivas depois de ficarem perdidas por 40 dias na floresta amazônica colombiana após um acidente de avião descansando em uma cama de hospital em Bogotá
Colombian Presidency / AFP) - O presidente colombiano Gustavo Petro e o ministro da Defesa da Colômbia, Ivan Velasquez (esquerda), visitando uma das quatro crianças indígenas que foram encontradas vivas após 40 dias perdidas na floresta amazônica colombiana após um acidente de avião

Durante os 40 dias na selva, Tien Noriel Ronoque Mucutuy completou 5 anos de idade e a bebê Cristin Neriman Ranoque Mucutuy fez aniversário de 1 ano.

A quarta criança, Soleiny, 9, assim como os irmãos, está em “condições clínicas aceitáveis”.

As buscas pelas crianças percorreram uma área de 2.656 km. Elas foram encontradas na sexta-feira (9/6), por um grupo de indígenas. Após isso, elas foram levadas de helicóptero para a cidade de San José del Guaviare, e de lá, a Força Aérea os transportou para Bogotá.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que "foi a sabedoria das famílias indígenas, de viver na selva, que salvou as crianças.”

Cerca de 120 policiais uniformizados e 70 indígenas integravam a "Operação Esperança" de resgate. Mesmo assim, as buscas foram difíceis, pois a região onde a aeronave caiu é de vegetação densa, com árvores que atingem 40 metros de altura, e há a presença de onças, cobras e outros animais perigosos, além da chuva inclemente que impede de escutar possíveis gritos de socorro.

"Estavam sozinhos. Eles conseguiram por conta própria. Um exemplo de sobrevivência total que ficará na história", acrescentou o presidente da Colômbia.

Os menores estavam viajando de avião com a mãe, um líder da comunidade indígena e o piloto, em 1º de maio. Todos os adultos morreram no acidente. 

"Estão muito acabados"

Maria Fátima Valencia, avó materna das quatro crianças resgatadas na selva colombiana depois de 40 dias perdidas, custou a acreditar que os netos tinham sido achados com vida. Em entrevista exclusiva ao Correio, a colombiana contou que recebeu um chamado âs 17h30 de sexta-feira (19h30 pelo horário de Brasília). "Eles me disseram: 'Encontramos seus netos'. Não acreditei naquilo. Uns 15 minutos depois, os militares tornaram a me telefonar. Aí, sim, passei a acreditar. Fiquei contente com a notícia", disse à reportagem.

Ao Correio, o avô das crianças, Fidencio Valencia, disse que os netos estão "muito acabados". "Pouco a pouco vamos perguntando algumas coisinhas para eles, mas precisamos deixar que descansem. Estão assustados, por seus corpos e por todos os ruídos na selva. Quase nada falaram", comentou Valencia.

Confira como ocorreu o resgate das crianças:

 

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