Carlos Villegas, 37 anos, guia canino da Defesa Civil da Colômbia, fez parte das buscas às quatro crianças colombianas e foi retirado da selva na quinta-feira (9/6), véspera do resgate, depois de oito dias vasculhando a região. Em entrevista ao Correio, por telefone, ele admitiu: "É um milagre". "Todos os momentos das operações de busca foram difíceis. As condições da floresta são extremas. Tudo tem veneno. Há animais que podem te picar. Não sabíamos se havia dissidências de grupos guerrilheiros na região, nem se existia alguma mina terrestre. A selva é muito densa e quase era impossível caminhar por ela", relatou. "Todos os dias estávamos molhados."
Ele destacou o fato de as equipes de salvamento terem enfrentado momentos "duros" nas buscas pelas crianças. "Nós tínhamos equipamentos completos, e foi uma situação dura. As crianças nada tinham em mãos. Não sabemos como explicar", acrescentou. "Será preciso esperar que elas comecem a falar para entendermos." Para Villegas, Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos, a criança mais velha, foi a responsável pela sobrevivência dos irmãos. "Ela manteve o moral elevado de todos. Foi quem fez com que seguissem em frente. Como são indígenas, a menina sabia como improvisar um abrigo e quais frutas podiam comer."
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O resgate contou com o auxílio de helicópteros. Um deles transmitiu a voz da avó dos meninos, em um alto-falante, para tentar localizá-los. Cães farejadores também participaram das operações. "Eles são usados para entrar em locais inacessíveis para o homem. O meu cão, Tellius, um pastor belga, me ajudou nos trabalhos", disse Villegas.
Lesly e os irmãos Soleiny Jacobombaire Mucutuy, 9; Tien Noriel Ronoque Mucutuy, 4; e Cristin Neriman Ranoque Mucutuy, de 11 meses, ficaram 40 dias perdidos na selva amazônica colombiana, depois que o avião Cessna 206 em que estavam caiu, em 1º de maio. A mãe, Magdalena Mucutuy Valencia, o piloto Hernando Murcia e outro adulto morreram no acidente.