RELIGIOSIDADE

Milhares de pessoas sobem em vulcão ativo na Indonésia para ritual centenário

Todos os anos, os membros da tribo Tengger se reúnem no topo deste vulcão, na esperança de agradar a seus deuses

Milhares de fiéis hindus escalaram um vulcão ativo na Indonésia nesta segunda-feira (5/6) para jogar animais, comida e outras oferendas em sua cratera fumegante em uma cerimônia religiosa secular.

Os devotos carregaram cabras, galinhas e vegetais nas costas até o topo do Monte Bromo, mais de 800 quilômetros a leste de Jacarta, como parte do festival Yadnya Kasada. Todos os anos, os membros da tribo Tengger se reúnem no topo deste vulcão, na esperança de agradar a seus deuses.

Slamet, um agricultor de 40 anos, conta que levou um bezerro como oferenda.

Juni Kriswanto / AFP - Membros do grupo subétnico Tengger se reúnem para apresentar oferendas na borda da cratera do vulcão ativo Monte Bromo como parte do festival Yadnya Kasada em Probolinggo
BAGUS SARAGIH / AFP - Esta foto aérea mostra membros do grupo subétnico Tengger se reunindo para apresentar oferendas na borda da cratera do vulcão ativo Monte Bromo como parte do festival Yadnya Kasada em Probolinggo
Juni Kriswanto / AFP - Aldeões usam redes para pegar oferendas lançadas por membros do grupo subétnico Tengger na cratera do vulcão ativo Monte Bromo como parte do festival Yadnya Kasada em Probolinggo
Juni Kriswanto / AFP - Membros do grupo subétnico Tengger carregam uma cabra para oferenda no vulcão ativo Monte Bromo, como parte do festival Yadnya Kasada em Probolinggo

"É um ato de gratidão a Deus por nos dar prosperidade. Nós a devolvemos a Deus para que possamos voltar aqui no ano que vem", disse à AFP.

O cordeiro por enquanto deu sorte e foi oferecido a um morador após as orações, em vez de ser jogado no vulcão.

Alguns aldeões que não pertencem à tribo Tengger foram para as encostas íngremes da cratera, equipados com redes na tentativa de interceptar as oferendas lançadas no abismo e evitar que fossem desperdiçadas.

O fazendeiro Joko Priyanto trouxe alguns de seus produtos, principalmente repolhos e cenouras, para jogar na cratera fumegante. "Espero receber uma recompensa de Deus todo-poderoso", disse o homem de 36 anos.

Este ritual tem suas raízes no folclore do século XV do reino Majapahit, um império hindu-budista javanês que se estendia pelo sudeste da Ásia. Diz a lenda que a princesa Roro Anteng e seu marido, incapazes de ter filhos após anos de casamento, imploraram a ajuda dos deuses.

Suas orações foram atendidas com a promessa de que teriam 25 filhos, sob uma condição: a de sacrificar seu filho mais novo, jogando-o no Monte Bromo. Diz-se que seu filho pulou, voluntariamente, no vulcão para garantir a prosperidade do povo Tengger.