Austrália

Mulher condenada a 20 anos por morte de filhos é perdoada pela Justiça

A prisão de Kathleen Folbigg é descrita como um dos maiores erros judiciais dos país da Oceania. Novas evidência fizeram com que ela fosse perdoada das acusações

Após cumprir 20 anos de prisão por participar da morte de seus quatro filhos na Austrália, Kathleen Folbigg foi perdoada pela justiça. Ela chegou a ser classificada como a "pior assassina em série" do país ao ser detida em 2003 por acusações de homicídio.

A condenação de Folbigg, porém, foi questionada pelo procurador-geral do estado australiano de Nova Gales do Sul, Michael Daley. Ele interveio à justiça para ordenar a libertação da mulher. O argumento usado era que a condenação da mulher não apresentava sua culpa na participação das quatro mortes.

“Esta foi uma experiência terrível para todos os envolvidos e espero que nossas ações hoje possam encerrar esse assunto de 20 anos”, afirmou Michael Daley, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (5/6), em que questionou as provas que levaram a mulher à cadeia.

Kathleen Folbigg foi presa 20 anos atrás por três acusações de assassinato e uma de homicídio culposo. A conclusão da justiça, à época, é que ela participou da morte de seus quatro filhos ao longo de uma década, a partir de 1989. Em cada caso, ela foi a pessoa que encontrou os corpos da criança, embora não houvesse nenhuma evidência física de que ela havia causado suas mortes. 

Diante dessa conclusão, a defesa de Folbigg sempre a declarou inocente, alegando que as crianças haviam morrido de causas naturais. O caso da "pior assassina em série" parou nas mesas acadêmicas e, em 2021, cientistas da Austrália e do exterior assinaram uma petição a favor da libertação da mulher. O texto mencionava novas evidências que relacionavam as mortes a mutações genéticas raras.

Além da carta favorável a Folbigg, cientistas publicaram um estudo sobre o caso na revista especializada da Associação Europeia de Cardiologia associando a alta probabilidade de morte súbida causada por uma mutação genética conhecida como CALM2-G114R.

Com esse questionamento, um novo inquérito foi liderado por um juiz e os promotores argumentaram que a pesquisa mudou a compreensão sobre a morte das crianças de Folbigg. O caso, então, está sendo descrito como um dos maiores erros judiciais da Austrália. Como resultado das novas interpretações, o governo assinou um perdão total a Folbigg.

Ainda condenada

A liberdade da mulher, no entanto, não anula suas condenações. Essa seria uma decisão para o Tribunal de Apelações Criminais, e o processo que pode levar até um ano para ser concluído. Se as condenações forem anuladas, Folbigg pode processar o governo por milhões de dólares em compensação.

"É impossível compreender o dano causado a Kathleen Folbigg, a dor de perder seus filhos e quase duas décadas trancada em prisões de segurança máxima por crimes que a ciência provou que nunca ocorreram", disse o advogado da mulher, Rhanee Rego.

Depois de solta, Folbigg foi recebida no portão da prisão por amigos que lutaram durante anos por sua liberdade, e Daley pediu privacidade para que ela pudesse "seguir com sua vida".