Pelo menos 227 migrantes foram resgatados nas Ilhas Canárias, na Espanha, na quinta-feira (22/6), segundo autoridades locais. O caso ocorreu um dia após a morte de mais de 30 migrantes na região daquela que é considerada a segunda rota mais mortal de imigrantes do mundo.
Os serviços de emergência da região dizem que a Guarda Costeira salvou os imigrantes que viajavam em botes infláveis perto das ilhas Lanzarote e Gran Canaria, no Atlântico.
Vários deles foram levados ao hospital para serem tratados por "condições leves".
Na quarta-feira (21/6), duas instituições de caridade disseram que mais de 30 migrantes podem ter se afogado depois que o bote onde elas estavam afundou na Gran Canaria.
As autoridades espanholas disseram que equipes de resgate encontraram os corpos de um menor de idade e um homem e resgataram outras 24 pessoas.
No entanto, as instituições de caridade —Walking Borders e Alarm Phone— disseram que cerca de 60 pessoas estavam a bordo.
Helena Maleno Garzon, da Walking Borders, disse que 39 pessoas se afogaram, incluindo quatro mulheres e um bebê, enquanto a Alarm Phone disse que 35 pessoas estão desaparecidas.
Ambas as organizações monitoram os barcos de imigrantes e recebem ligações de pessoas a bordo ou de seus parentes.
Um navio de resgate espanhol, o Guardamar Caliope, estava a apenas uma hora de navegação do bote na noite de terça-feira (20/6), segundo a agência de notícias espanhola Efe.
Mas o navio não ajudou o bote porque a operação havia sido assumida por autoridades marroquinas, que enviaram um barco patrulha que chegou na manhã de quarta-feira (23/6), 10 horas depois de ter sido avistado por um avião de resgate espanhol, segundo a Reuters.
A BBC procurou o Ministério do Interior do Marrocos para comentar o assunto.
Angel Victor Torres, líder da região das Ilhas Canárias, qualificou o incidente como uma "tragédia" e pediu à União Europeia que estabeleça uma política migratória que "ofereça respostas coordenadas e solidárias" à questão da migração.
Embora esteja localizada na costa ocidental da África, as Ilhas Canárias fazem parte da Espanha, e muitos migrantes viajam da África para o arquipélago na esperança de chegar à Europa continental.
Rotas mais perigosas do mundo
A rota de migração África Ocidental-Atlântico é considerada uma das mais mortais do mundo. Pelo menos 543 migrantes morreram ou desapareceram nessa jornada apenas em 2022, de acordo com a Organização Internacional para Migração (OIM) da ONU.
A OIM diz que houve 45 naufrágios na rota durante esse período, mas reconhece que o número é "provavelmente subestimado" porque os dados são escassos e incompletos.
A maioria dos que fazem a viagem são de Marrocos, Mali, Senegal, Costa do Marfim e outras partes da África Subsaariana, diz a OIM.
Segundo a OIM, a rota mais mortal do mundo para os migrantes é a do Mediterrâneo Central. Estima-se que mais de 19,5 mil pessoas morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo do norte da África para a Europa desde 2014.
As tentativas de travessia geralmente ocorrem em embarcações improvisadas e superlotadas, como botes de borracha, que tornam a viagem perigosa e potencialmente mortal.
Na última semana, um barco de migrantes que transportava centenas de pessoas afundou na costa grega e causou pelo menos 78 mortes, embora muitos mais pessoas tenham se afogado.
O escritório de direitos humanos da ONU diz que cerca de 500 pessoas ainda estão desaparecidas. A BBC obteve evidências que lançam dúvidas sobre o relato da guarda costeira grega sobre o que aconteceu. O órgão afirmou que o barco estava a caminho da Itália e não precisava de resgate.
Segundo um relatório da ONU publicado em julho de 2022, desde 2020, cerca de 40 mil pessoas da África Ocidental e do Norte partiram da Costa noroeste da África por meio do Oceano Atlântico, e entrou irregularmente na Espanha pelas Ilhas Canárias.
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