As buscas ao Titan — o veículo submersível que leva cinco passageiros até os destroços do transatlântico Titanic, a 3.800m de profundidade — se intensificaram de modo frenético, à medida que se esgotam as reservas de oxigênio.
A Guarda Costeira dos Estados Unidos prevê que o suprimento de ar disponível para a sobrevivência dos tripulantes do Titan deve se exaurir por volta das 7h de hoje (hora de Brasília). A embarcação, que pesa 10t e mede 6,7m de comprimento por 2,8m de largura e 2,5m de altura, desapareceu na tarde de domingo.
A bordo, estão Stockton Rush, 61 anos, CEO da OceanGate, empresa responsável pela viagem; o bilionário britânico Hamish Harding, 58; o magnata paquistanês Shahzada Dawood, 48, e o filho Sulaiman, 19; e o francês Paul-Henri Nargeolet, 77, maior especialista em Titanic. Ontem, as equipes de resgate detectaram "ruídos subaquáticos" na área da busca.
"O avião canadense P-3 detectou ruídos subaquáticos na área de busca. Como resultado, as operações de um ROV (sigla em inglês para veículo operado de maneira remota) foram realocadas, em uma tentativa de explorar a origem dos ruídos", anunciou no Twitter o Primeiro Distrito da Guarda Costeira dos Estados Unidos. No entanto, não havia nenhum sinal do veículo submersível. "Não sabemos o que são esses ruídos", disse o porta-voz da Guarda-Costeira, capitão Jamie Frederick. Ele pediu que as pessoas se mantenham "otimistas e esperançosas".
Dez barcos equipados com sonares e tecnologia avançada rastreiam uma área 20 mil km², aproximadamente o tamenho do estado de Sergipe. Aeronaves sobrevoam a região em busca do submersível. O navio francês Atalante, equipado com um robô submarino capaz de atingir profundidades de até seis mil metros, também participa da operação de salvamento.
Primeiro britânico a mergulhar até os restos do Titanic, Dick Barton, 63 anos, expressou ceticismo em relação aos sons captados pela aeronave canadense. "Quaisquer sons detectados no fundo do mar pelo satélite GFO ou por outros sistemas de audição podem ser facilmente confundidos. Os oceanos são ambientes movimentados, há muita atividade no fundo do mar. Por exemplo, a vida marinha, é claro, mas também cabos ultramarinos e embarcações. O som viaja muito rapidamente na água", explicou ao Correio, por telefone.
Apesar de se recusar a fazer conjecturas sobre o paradeiro do Titan, Barton lembrou que o submersível perdeu contato com a superfície apenas 1 hora e 45 minutos depois de iniciar a viagem. "Com base no perfil do mergulho e na trajetória, isso ocorreu a 2 mil metros de profundidade, aproximadamente. A mais de mil metros, tudo ali é escuridão.
Mergulhos convencionais e comerciais não podem ser realizados naquela região a mais de 1.100m de profundidade. É uma área pura e totalmente perigosa", advertiu ele, que fez 22 mergulhos até os destroços do Titanic entre 1993 e 2022.
De acordo com Barton, em situações de emergência como a enfrentada pelo Titan, a única forma de a tripulação administrar suas chances de sobrevivência é os ocupantes permanecerem calmos o tanto quanto possível e reduzirem suas atividades. "É fácil dizer isso, pois deve ser aterrorizante lá embaixo, sob essas circunstâncias."
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