Pelo menos 79 pessoas morreram e mais de 100 foram resgatadas depois que um barco de pesca que transportava migrantes naufragou na costa sul da Grécia.
Sobreviventes e autoridades gregas dizem que centenas de outros migrantes estão desaparecidos.
O governo do país afirmou que esta é uma das maiores tragédias migratórias da Grécia e declarou três dias de luto.
O barco afundou a aproximadamente 80 km da cidade de Pylos. Acredita-se que ele estava indo da Líbia para a Itália e que a maioria das pessoas a bordo eram homens na faixa dos 20 anos.
Os sobreviventes falam que havia de 500 a 700 pessoas a bordo.
As nacionalidades das vítimas ainda não foram divulgadas.
A guarda costeira grega disse que o barco foi avistado em águas internacionais na noite de terça-feira (13) por uma aeronave da Frontex, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira.
Ninguém a bordo estava usando coletes salva-vidas, acrescentou a guarda costeira.
A emissora pública grega ERT disse que as autoridades fizeram contato com o barco por telefone via satélite em várias ocasiões e ofereceram ajuda, mas ouviram a resposta: "Não queremos nada além de ir para a Itália".
Algumas horas depois, por volta da 01h da manhã de quarta-feira (14) no horário local (no horário de Brasília, 20h de terça-feira), uma pessoa no barco avisou a guarda costeira de que o motor da embarcação estava com defeito.
Pouco depois, o barco virou, levando apenas dez a quinze minutos para afundar completamente.
Uma operação de resgate teve início, mas foi desafiada por ventos fortes.
A organização responsável pela Alarm Phone, uma linha telefônica de emergência para migrantes, afirmou que a guarda costeira da Grécia estava "sabendo que o navio estava em perigo horas antes de qualquer ajuda ser enviada" e que foi avisada por diversas fontes que o barco estava sob perigo.
A organização acrescentou que as pessoas que estavam no barco podem ter evitado o encontro com autoridades gregas porque estariam cientes das "práticas horríveis" do país com os migrantes.
De acordo com a mídia local, o barco estava viajando há dias e foi abordado por um cargueiro de Malta que forneceu comida e água na tarde de terça-feira.
O diretor regional de saúde da Grécia, Yiannis Karvelis, falou de uma tragédia sem precedentes.
"O número de pessoas a bordo era muito maior do que a capacidade permitida para aquele barco", afirmou Karvelis.
O comandante da guarda costeira Nikolaos Alexiou disse à TV pública que seus colegas viram pessoas amontoadas no convés e que o barco afundou em uma das partes mais profundas do Mediterrâneo.
Os sobreviventes foram levados para a cidade de Calamata — e muitos deles foram conduzidos ao hospital com hipotermia ou ferimentos leves.
A ERT disse que três pessoas suspeitas de serem contrabandistas foram levadas para a autoridade portuária central de Kalamata e estão sendo interrogadas.
A presidente da Grécia, Katerina Sakellaropoulou, visitou alguns dos resgatados e expressou sua tristeza por aqueles que se afogaram.
A cada ano, centenas de pessoas morrem tentando cruzar o Mediterrâneo. Em fevereiro, um barco que transportava migrantes virou perto de Cutro, no sul da Itália, matando pelo menos 94 pessoas — um dos incidentes com migrantes mais mortais já registrados.
Yiorgos Michaelidis, representante do Ministério da Migração da Grécia, disse ao programa World Tonight da BBC que a Grécia várias vezes pediu que à União Europeia que apresente uma política de migração "sólida" para "acolher pessoas que realmente precisam e não aquelas que têm dinheiro para pagar os contrabandistas".
"Neste momento, são os contrabandistas que decidem quem vem para a Europa", disse Michaelidis.
"A questão é que a União Europeia (UE) deve fornecer asilo, ajuda e segurança para aqueles que realmente precisam. Não é um problema da Grécia, Itália ou Chipre... A UE é quem deve concluir uma sólida política migratória."
A Grécia é uma das principais rotas de entrada na União Europeia para refugiados e migrantes do Oriente Médio, Ásia e África.
No mês passado, o governo grego foi alvo de críticas internacionais por imagens que supostamente mostravam a expulsão forçada de migrantes que ficaram à deriva no mar.
Mais de 70.000 refugiados e migrantes chegaram aos países da linha de frente da Europa este ano, com a maioria desembarcando na Itália, segundo dados das Nações Unidas.
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