O ex-presidente americano Donald Trump convocou protestos para hoje, quando ele se apresentará para depor em Miami. O temor de violência fez autoridades reforçarem a segurança nas imediações do tribunal. O esforço pode tornar o processo criminal contra ele ainda mais turbulento.
As autoridades monitoram mobilizações e ameaças em Miami. Ontem, Trump se hospedou em um dos seus hotéis, o Trump National Doral. Horas depois, um grupo de cerca de 40 pessoas foi ao local com faixas e bandeiras para prestar apoio.
Desde que a acusação foi apresentada, na sexta-feira, houve uma escalada na retórica violenta, com declarações de aliados fazendo alusão a armas. No fim de semana, Kari Lake, republicana que concorreu ao governo do Arizona, disse que os promotores teriam de passar por cima dela e de "75 milhões de americanos" se quiserem atingir o ex-presidente. "A maioria de nós é membro da NRA (Associação Nacional do Rifle)", disse.
MANIFESTAÇÕES
Autoridades da Flórida monitoram as manifestações em Miami, uma delas organizada por uma célula local dos Proud Boys, grupo de extrema direita ligado à invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. O ex-líder do grupo, Henry Tarrio, condenado em maio, vive em Miami.
Apesar dos temores, especialistas afirmam que o uso da violência agravaria ainda mais a situação jurídica do ex-presidente. Por isso, espera-se que não haja um incentivo direto do republicano.
"Mesmo que o julgamento de Trump seja interrompido, ele ainda enfrentará acusações criminais. Não cooperar com o processo resultará na prisão de Trump, algo que ele quer evitar", disse ao Estadão Scott Anderson, analista do centro de estudos Brookings Institution.
Trump enfrenta 37 acusações, das quais 31 são relacionadas a documentos secretos da Casa Branca guardados por ele em sua mansão na Flórida. Ele é o primeiro ex-presidente acusado pelo Departamento de Justiça e utiliza esse fato como prova de perseguição política. O processo representa a ameaça legal mais grave até agora contra ele e pode atrapalhar sua campanha presidencial.
ACUSAÇÕES
O promotor especial, Jack Smith, que formalizou a acusação, já foi alvo de ataques. Trump o chamou de "demente" e disse que a equipe dele era formada por "bandidos". A retórica é seguida por aliados e apoiadores do ex-presidente, na tentativa de enfraquecer as acusações. Dois aliados, o senador Lindsey Graham e o deputado Jim Jordan, classificaram o processo como politicamente motivado.
Segundo a acusação, Trump reteve intencionalmente centenas de documentos secretos. O material continha informações sobre programas nucleares, capacidades de defesa e armas dos EUA e planos de ataque do Pentágono. A acusação afirma que eles ficaram armazenados sem qualquer cuidado em diversos cômodos do resort, incluindo o banheiro e um salão de festa, e teriam sido apresentados a convidados em pelo menos duas ocasiões.
As informações dos documentos colocam em risco membros das Forças Armadas e fontes do Pentágono, além de expor métodos de espionagem, segundo os promotores.
CRÍTICAS
Ex-aliados de Trump, como William Barr, que atuou como seu secretário de Justiça, reconhecem a gravidade das acusações. Em entrevista à Fox News, Barr declarou que as alegações são detalhadas e condenatórias. "Se até metade disso for verdade, ele está ferrado", disse.
O ex-presidente também é acusado de obstruir os esforços do governo para recuperar os documentos. Ele teria orientado o assessor Walt Nauta, também acusado no processo, e o seu advogado a esconder as caixas ou destruir documentos solicitados pelo Departamento de Justiça. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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