Quando a batalha judicial entre Johnny Depp e sua ex-esposa Amber Heard chegou ao auge, parecia que o futuro da carreira cinematográfica do ator estava em perigo.
Mas, três anos depois de ter sido excluído da franquia Animais Fantásticos, Depp volta às telas, interpretando o rei francês Luís 15, no filme Jeanne du Barry, que abriu a edição deste ano do Festival de Cannes, na França.
O filme conta a história de Jeanne Bécu, filha de uma costureira pobre que se tornou a última amante oficial do monarca francês. A personagem é interpretada pela atriz francesa Maïwenn, que também é roteirista e diretora do filme.
Além de marcar a retomada da carreira de Depp, Jeanne du Barry é o primeiro filme do ator em francês.
Segundo a sinopse, "a história acompanha Jeanne Vaubernier, uma jovem da classe trabalhadora, sedenta de cultura e prazer, que usa sua inteligência e encantos para subir, um a um, os degraus da escala social".
A trama continua quando ela "se torna a favorita do rei Luís 15, que, sem conhecer sua condição de cortesã, recupera com ela seu apetite pela vida".
"Eles se apaixonam perdidamente", segundo a sinopse. "Contra todo o decoro e etiqueta, Jeanne se muda para Versalhes e sua chegada escandaliza a corte."
Mas quem foi a verdadeira Jeanne du Barry?
Lista de amantes
Luís 15 (1710-1774) reinou na França de 1715 até sua morte. Sua esposa, Marie Leszczy?ska (1703-1768), era polonesa, mas o rei teve uma série de longas aventuras. E Madame du Barry foi a última amante da sua vida.
Nascida em Vaucouleurs, no nordeste da França, Jeanne Bécu (1743-1793) era filha ilegítima da costureira Anne Bécu, de 30 anos.
Ela começou sua educação no Convento de Santa Áurea, em Paris, onde permaneceu até os 15 anos, quando foi declarada maior de idade.
Para ganhar algum dinheiro, a jovem vendia bugigangas nas ruas da capital francesa. Ela teve também diversas outras ocupações: foi assistente de cabeleireiro, empregada de mercearia e até dama de companhia de uma anciã viúva.
Os retratos da época mostram Jeanne Bécu como uma mulher loira de olhos azuis. Ela chamou a atenção do conde Guillaume du Barry (1732-1811), dono de um cassino.
Jeanne Bécu conheceu du Barry em 1763. Ele a levou para casa e a transformou em sua amante.
Com o nome Mademoiselle Lange, Guillaume du Barry introduziu Bécu aos salões de jogos da alta sociedade parisiense, onde ela trabalhou como prostituta dos nobres, ministros e altos funcionários da corte de Versalhes.
Com muita rapidez, Jeanne Bécu acumulou uma enorme clientela aristocrática. Seus amantes incluíam desde ministros de Luís 15 até seus próprios cortesãos, entre eles o Marechal de Richelieu (1696-1788).
Jean-Baptiste du Barry (1723-1794), irmão de Guillaume, foi o responsável por levá-la a Versalhes em 1768, onde ela chamou a atenção de Luís 15.
Na época, o rei era um homem solitário. A rainha estava à beira da morte e sua amante favorita, Madame de Pompadour (1721-1764), havia morrido de tuberculose quatro anos antes.
Luís 15 interessou-se por Jeanne Bécu, que logo passou a ser escoltada com frequência até o dormitório real. Mas ela só poderia ser considerada amante principal do rei (maîtresse-en-titre, em francês) se tivesse um título de nobreza.
E, quando o rei tomou conhecimento dos antecedentes da jovem como prostituta, ele ordenou que ela se casasse com um homem de "boa linhagem".
Tudo se resolveu rapidamente com o casamento de Jeanne Bécu com o conde Guillaume du Barry. Para o matrimônio, chegou a ser apresentada uma certidão de nascimento falsa, na qual ela aparecia três anos mais jovem e com ascendência nobre, segundo Joan Haslip, na sua biografia de Madame du Barry, publicada em 1992.
Jeanne du Barry foi finalmente apresentada à corte no dia 22 de abril de 1769, frente a uma multidão reunida às portas do palácio. O irmão do conde, Jean-Baptiste du Barry, encarregou-se de nomear um "tutor" para ajudá-la a deixar seu passado para trás e aprender o comportamento digno da corte.
Ela se acostumou rapidamente ao luxo da vida em Versalhes, onde passava o tempo recebendo amigos, costureiras, joalheiros e artistas que esperavam poder vender os seus trabalhos.
Madame du Barry não ocultava seus gostos extravagantes, que incluíam vestidos, penteados e joias de enorme tamanho e custo, que cintilavam nas contínuas festas celebradas em sua homenagem.
Ela tinha um séquito impressionante ao seu serviço. E, com seu título de amante principal do rei, era a rainha de facto de França e, consequentemente, a mulher mais poderosa do país.
Mas, devido à influência exercida sobre Luís 15, du Barry acumulou muitos inimigos na corte. E também era cada vez mais impopular, devido aos presentes extravagantes recebidos do rei.
Sua vida de opulência continuou até a morte de Luís 15, em 1774. Com a ascensão ao trono do neto do rei, Luís 16, sua esposa Maria Antonieta mandou exilar du Barry para a Abadia de Pont-aux-Dames, perto de Paris.
Nos anos que se seguiram, ela voltou a ter aventuras com homens influentes e conseguiu sobreviver com as joias e os presentes que havia recebido de Luís 15. Até que tudo acabaria com a Revolução Francesa.
Madame du Barry foi presa em 1793 e um tribunal a acusou de traição. Ela foi condenada à morte, mesmo depois de tentar se salvar revelando o lugar onde havia escondido suas joias.
No dia 8 de dezembro de 1793, Jeanne du Barry morreu na guilhotina. Conta-se que suas últimas palavras foram: "imploro, senhor carrasco, que me dê apenas mais um momento".
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